Abrão e o Cortejo Fúnebre

Um homem entrou numa loja de conveniência para tomar um expresso, e quando saiu notou a aproximação de um enterro que se dirigia ao cemitério israelita que existia ali perto.

Um carro funerário preto seguia lentamente, seguido por outro carro fúnebre da mesma cor, cerca de 15 metros atrás do primeiro.

Atrás do segundo carro caminhava um homem solitário, com um cachorro na coleira.

O que chamava mais atenção era que atrás dele, a uma curta distância, havia cerca de 200 homens andando em fila indiana.

O homem não suportou a curiosidade.

Como o enterro seguia muito devagar, ele respeitosamente aproximou-se do senhor que levava o cachorro e disse:
– “Sinto muito pela sua perda e este pode ser um mau momento para perturbá-lo, mas nunca vi um enterro como este. De quem é o funeral?”

Abrão, o homem enlutado, respondeu:
– “Da minha esposa.

E o diálogo continuou:
– “O que aconteceu com ela?” – perguntou o homem.
– “Ela gritou comigo e meu cachorro a atacou e a matou” – Abrão disse.

O homem quis saber mais:
– “Mas quem está no segundo carro funerário?”

O viúvo Abrão esclareceu:
– “Minha sogra. Ela veio ajudar minha esposa e o cachorro, muito brabo, avançou contra ela e a matou também”.

O momento que se seguiu foi muito pungente e tocante, como uma prova da fraternidade  que se estabelece em momentos como aquele. 

Por alguns minutos o silêncio se instalou entre os dois homens que caminhavam juntos, até que o homem perguntou:
– “Pode me emprestar o cachorro?”

E o Abrão respondeu:
– “Entre na fila”.

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