Benny Goldman e o Casamento Real

Benny Goldman, um próspero judeu londrino, tinha casado quatro de seus filhos, mas conseguir uma noiva para o quinto estava se tornando um desafio.

O jovem Solomon, além de muito feio, não tinha nenhuma virtude visível que o tornasse um marido desejável.

Na verdade o caçula da família não tinha charme, inteligência, boas maneiras e nem mesmo sabia conversar direito; resumindo, não possuía nenhum atributo que pudesse compensar sua pobre aparência.

Para o pai, no entanto, era impensável que Solomon permanecesse solteiro.

Em desespero, Benny foi procurar Chaim, o casamenteiro judeu, que após ouvir as desventuras contadas pelo pai, disse:
– “Eu tenho a menina para Solomon: a filha da princesa Anne, Zara”.

Benny pensou ter ouvido errado e perguntou:
– “Quem?”

E Chaim confirmou:
 – “Ela mesma, Zara Philips, a neta da rainha da Inglaterra”.

A primeira reação de Benny foi essa:
– “Você está maluco? Uma não judia?”

O casamenteiro suspirou:
– “São outros tempos, Benny! O que há de errado com uma bela menina não judia? Ela vem de uma boa família, com muito pouco antissemitismo – eles lutaram contra Hitler, lembre-se. Eles têm excelentes conexões sociais, são ricos e a princesa é uma verdadeira beleza! Olha, eu vou escrever os nomes juntos”.

Dito isso, Chaim pegou um cartão e escreveu com letras floreadas, como se estivesse preparando um convite de casamento:
– “Solomon Goldman & Princesa Zara Phillips.”

Quando viu aquilo, Benny achou que juntos os nomes ficavam muito bem, mas fez uma observação:
– “Parece bom, mas também tenho que considerar a tia Sarah. Ela é muito religiosa e se descobrir que o Solomon vai se casar uma não judia, é capaz de se matar!”

Decidiram então visitar a tia. 

Durante várias horas, o casamenteiro implorou, argumentou, e finalmente fez com que ela mudasse de ideia.

Já convencida e com lágrimas nos olhos, a tia Sarah disse:
– “Bem, talvez você esteja certo e eu não devesse ser tão antiquada. Se a menina é realmente de uma boa família, se ela fizer Solomon feliz e e se as crianças forem educadas como judeus, não vou me opor”.

E, conformada, finalizou:
– Não preciso frequentar o palácio depois do casamento e sempre posso mudar meu sobrenome para não passar vergonha”.

Ainda que a solução não fosse exatamente a que queria, quando saíram da casa da tia Sarah o casamenteiro estava muito feliz.

Entrando no carro com Benny, ele pegou o cartão onde havia escrito os nomes dos noivos e fez uma marca no nome “Solomon Goldman”, como se estivesse assinalando o término de uma tarefa.

Em seguida, virando-se para o pai do noivo, Chaim disse, com um suspiro enorme de alívio:
– “Metade da encomenda está pronta!”


Foto: Roméo – Pexels

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