Canção do Amor Imprevisto
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos…
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender nada, numa alegria atônita…
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mário de Miranda Quintana
Alegrete (RS), 30/7/1906 – Porto Alegre (RS), 5/5/1994