A Comadre Rita e o Compadre Olegário moravam da Fazenda Guelmann, também conhecida como Fazenda Guavirova, a 25km de Ponta Grossa.
Já contei outras histórias saborosas do casal, gente extremamente simples e com a pureza e ingenuidade das pessoas do interior.
O “rancho” mensal, o pedido de alimentos, era entregue na fazenda pelo fornecedor que atendia todas famílias da fazenda, de sorte que os velhos pouco iam à cidade. Só mesmo um problema de saúde ou eventual necessidade de compra no comércio tirava os aposentados do seu sossego.
Numa dessas raras ocasiões aconteceu “um causo” muito divertido. Como é fácil imaginar, a Comadre não conseguia diferenciar marcas de automóveis, modelos, etc; na realidade ela apenas distinguia as cores, e isso é que deu origem ao incidente.
Pouco acostumados ao trânsito, os velhinhos tinham extrema dificuldade para atravessar as ruas. Ponta Grossa não era uma metrópole, mas evidentemente apresentava um movimento assustador para quem vivia na quietude da área rural.
Andando na área central da cidade, perto do antigo “Ponto Azul”, o Compadre Olegário e a Comadre Rita deixaram de ser atropelados inúmeras vezes, na tentativa de atravessar as ruas.
A certa altura um motorista percebeu a dificuldade do casal e parou o carro para impedir a passagem dos demais veículos. Da janela fez sinal com a mão e disse:
– “Podem atravessar!”
E a Comadre Rita, para quem todos os carros de uma mesma cor eram um só, esbravejou, no seu linguajar caipira:
– “Não, passe você, cavalo! Está com pressa? Faz horas que está me perseguindo! Vai buscar milho?”


