O Odilon Wagner, que está fazendo enorme sucesso com a peça “A Última Sessão de Freud”, esteve em Curitiba neste último final de semana. A peça, considerada o maior sucesso do teatro brasileiro desde 2022, tinha três sessões programadas, mas os ingressos se esgotaram e foram feitas mais duas extras, apesar de ser a 2ª temporada na cidade.
Na trama, Sigmund Freud, vivido pelo Odilon, e C.S. Lewis, magistralmente interpretado pelo Marcello Airoldi, se encontram em uma situação fictícia, que nunca aconteceu.
O cenário assinado por Fábio Namatame, indicado ao Prêmio Shell, reproduz meticulosamente o consultório onde o pai da Psicanálise atendia seus pacientes e desenvolvia estudos enquanto estava exilado na Inglaterra. Como se sabe, Freud, judeu, fugiu da perseguição nazista na Áustria, em plena 2ª Guerra Mundial, no ano de 1939.
Cabe ressaltar a perfeita caracterização do Odilon. Freud passou por mais de 30 cirurgias para remover um câncer na mandíbula e alguns pesquisadores dizem que sua morte, em 23 de setembro de 1939, foi resultado de uma overdose de morfina, usada para aliviar as dores. Assistir o Odilon nos faz entender a expressão francesa “Physique du rôle” tal a semelhança com o personagem.
O texto é de Mark St. Germain e foi inspirado no livro “D’us em Questão”, escrito pelo Dr. Armand M. Nicholi Jr., Professor de Psiquiatria da Harvard Medical School. Freud e C.S. Lewis, o célebre escritor, poeta e crítico literário, debatem apaixonadamente sobre o dilema entre ateísmo e crença em D’us. Freud, conhecido por sua crítica incisiva à religião, confronta Lewis, um ex-ateu que se tornou um fervoroso defensor da fé baseada na razão. O embate verbal não se limita à existência de D’us e abrange temas profundos como o sentido da vida, a natureza humana, o sexo e a morte.
O texto foi traduzido pela Clarisse Abujamra e o espetáculo tem Direção de Elias Andreato e Produção de Ronaldo Diaféria, que nos contou ter negociado durante 11 anos a liberação da peça. Com ela, o Odilon foi indicado para os três prêmios mais importantes do teatro brasileiro: Prêmio Shell, Prêmio APCA e Prêmio Bibi Ferreira.
Na sexta-feira a Rosane, minha mulher, a Selda Wagner Schilklaper (“a-prima-de-ligação”) e eu, fomos jantar com o Odilon e sua equipe. No sábado a tarde, pouco antes do início da sessão extra, fomos encontrar o Dr. Freud e aproveitei para uma sessão de Psicanálise.
No divã perguntei se havia algo a fazer com minha mania de torcer pelo Coritiba, o “Coxa”.
De “sem-pulo”, para usar uma expressão futebolística, o Dr. Freud respondeu:
– “Meu filho, para esse tipo de desvio não há terapia que funcione. Se eu voltar aqui em Curitiba, me peça algo mais simples”.