Assisti agora a noite uma “live” em celebração à vida do Moacyr Scliar e decidi contar da minha ligação com ele.
Moacyr e eu temos uma prima em comum, a querida Vera Scliar Sasson, pelo lado paterno dele e materno pelo meu.
Nosso elo era o tio Manoel Scliar, irmão do pai do Moacyr, casado com minha tia Bertha, irmã do meu pai.
Éramos vizinhos, três tios e irmãos em três casas, muros com abertura e onde não só os primos eram comuns: o cachorro também era compartilhado.
Tio Manoel foi meu tutor entre 17 e 18 anos, por conta do falecimento de meus pais. Nossa ligação, que a proximidade física e diária já fizera enorme, só fez aumentar a partir daí. Jamais esquecerei o choro convulsivo dele quando chegou a notícia do acidente que os levou com minhas duas irmãs menores (a Vera não sabia dessa minha lembrança, jamais conversamos sobre isso).
Os Scliar que deram ao Brasil o médico e escritor Moacyr, o pintor Carlos, o fotógrafo Salomão e a pianista Esther, mandaram como dote à família Guelmann a cultura monumental do tio Manoel.
Formado em Engenharia no RS e em Agronomia aqui em Curitiba, ele, na era pré-Delta-Larousse, era a nossa referência bibliográfica, o socorro para os alunos desleixados e apavorados pela chegada do dia prova ou da entrega do trabalho do colégio (digo isso por mim, não estou autorizado a falar em nome da bancada familiar e não quero encrenca…).
Uma de suas “pegadinhas” – se assim pudéssemos dizer de alguém de alma pura – era perguntar às pessoas em que rua moravam. Não importava qual era o endereço, que podia ir do corriqueiro e nacional Marechal Floriano ao local Emílio de Meneses; era de dar pena do infeliz que não sabia responder à singela pergunta:
– “E você sabe quem foi ele?”
Era sentar e ouvir a dissertação. Ele sabia, sempre.
Em tempos sem internet e com predominância do jornalismo escrito, um de meus prazeres era recortar as frequentes menções que encontrava sobre o Moacyr em revistas e jornais. Fazia isso pelo carinho ao tio Manoel e pela admiração pelo “Mico”, como era chamado pela família. Após minha mudança, meus achados eram enviados pelo correio, e assim foi até a sua partida.
Uma vez o Moacyr esteve na Fundação Cultural de Curitiba para lançar um livro na Fundação Cultural de Curitiba e escreveu na dedicatória:
– “Ao meu parente Gerson Guelmann, o carinho do Moacyr Scliar”.
Tempos com internet e distanciamento social podem trazer boas lembranças da era dos jornais e das cartas pelo correio.
Assim foi e ainda é. Moacyr Scliar e eu, parentes por parte do tio Manoel.
Crédito da foto:
Moacyr Scliar Site Oficial
(clique para acessar e conhecer)