Não há anjos nas “organizadas”

Escrevo sob o impacto dos acontecimentos de ontem e, especialmente, tocado pela imagem do cidadão que mora perto do Couto Pereira e apareceu quase às lágrimas no noticiário da TV.

Não sei o seu nome, mas gostaria que soubesse que sua emoção também mexeu comigo.

Não importa o time, são todos iguais na selvageria.

A notícia agora foi de Curitiba, mas já nos acostumamos a assistir episódios exatamente iguais em muitas outras cidades, com maior ou menor gravidade.

Sou do tempo em que as torcidas não eram separadas e lembro de assistir com meu pai jogos em que Coxas e Atleticanos sentavam juntos.

Em compensação também lembro de ter tido medo de passar no meio da torcida organizada do meu time, com filha e sobrinhas, todos com a camiseta do Coxa.

A discussão não deve ser em torno da permissão da venda de cerveja nos estádios. Os marginais de ontem não saíram de uma lanchonete onde tomaram leite, mas também não se pode dizer que a culpa é da bebida. A responsabilidade é dos próprios times, que estimulam e, mais ainda, incentivam e favorecem a atuação dessas falanges.

Num país onde faltam Escolas e Hospitais e a construção de estádios com recursos públicos é saudada pelos reis da propina, não há tempo para agir na causa: é preciso acabar com a relação promíscua entre os times e os profissionais das arquibancadas.

Se os times não perceberem isso, logo ficaremos reduzidos a uma legião de torcedores de sofá. Sem camisetas, sem bandeiras, sem pais nem filhos. Restará apenas o controle remoto nas mãos.

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