No final da década de 1890, após o Czar Alexandre III da Rússia promulgar os infames Regulamentos Temporários Sobre os Judeus, também conhecidos como Leis de Maio, três judeus de uma pequena cidade da Ucrânia decidiram dar vazão à indignação contra a maior autoridade.

O primeiro zombou:
– “Ele é um idiota, um imbecil”.

Um outro se manifestou:
– “Ele engole vodka como um porco”.

E o terceiro, enfurecido, arrematou:
– “E não é só isso, é um ladrão! Ele mesmo coleta os impostos e coloca nos próprios bolsos!”

Ele mal tinha acabado de falar e um policial apareceu, como se tivesse brotado do chão:
– “Judeus traidores!” – gritou raivoso, e continuou: – “agora mesmo vocês vão pagar por terem insultado nosso santo Czar. Venham comigo, vocês estão presos!”.

E lá se foram os três pobres judeus, trêmulos de medo, certos de que receberiam o terrível castigo reservado aos inimigos do governante.

Logo que chegaram na Delegacia o Comissário, informado das barbaridades que os prisioneiros haviam dito, espumou gritando:
– “Como vocês se atreveram insultar nosso amado Czar?”

O mais falante do grupo logo falou:
– “Quem disse que estávamos falando do Czar? Nós estávamos nos referindo ao canalha do Kaiser Wilhelm, aquele inimigo de Israel”.

Nesse momento o Comissário mudou a fisionomia e abrandou a fala:
– “Nesse caso, sejam mais cuidadosos quando estiverem falando na rua… Como é que esse idiota do policial ia saber? Quando ele ouviu falar em idiota, bêbado e ladrão’, teve certeza que vocês estavam falando do Czar!” 

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Foto: USA-Reiseblogger – Pixabay