Os Sequilhos de Goiabada São Bons, o Problema é Comigo Mesmo

Jonathan Araújo, um Português acerca de quem não consegui levantar mais informações, escreveu nos idos de 2017 uma história excelente, que mostra como muitas vezes erramos ao tentar mudar as coisas e especialmente as pessoas, quando nós mesmos é que precisamos mudar, como ele próprio reconhece.

Antes, uma explicação acerca do texto:
– eu o publiquei no meu Blog há pouco mais de 4 anos e não lembro
como o encontrei; pode até ser que estivesse pesquisando pelos sequilhos, pelos quais sou absolutamente maluco; coisa de ex-gordo que reduziu o estômago mas não o cérebro (rsrs).

Mas vamos lá, porque vale a leitura e a reflexão:

“Criei o costume de toda semana comprar sequilho com goiabada na padaria perto daqui de casa. Comê-lo bebendo um café sem açúcar tornou-se, sem exagero, um dos momentos mais deliciosos da semana (tirando o dia da coxinha com café).
Mas a goiabada me incomodava. Não necessariamente ela, mas sua pouca quantidade. Era um pingo no meio do sequilho.
Reclamei na padaria, chamei o padeiro de casquinha (*) e tudo mais.
Outro dia, voltando do estágio, passei pela padaria e, pra minha sorte, disseram que havia um sequilho especial pra mim. Lá estava, o meu sonho num sequilho de um real. Quase que completamente coberto de goiabada.
Chegando em casa, preparado o café e toda a ritualística necessária para consumir o apetecível sequilho, ocorreu que não comi nem a metade. Enjoei na segunda mordida. Doce demais, chegava a dar náuseas.
Dia seguinte, cheguei na padaria e lá estava: outro sequilho coberto de goiabada. Me ofereceram e, por vergonha de dizer que odiei o do dia anterior, comprei. Em casa, raspei a goiabada e comi.
O problema, o inferno, não era a goiabada nem o padeiro, era eu. Fui eu quem, amando o que amava, queria do meu jeito, sem entender que eu gostava era do jeito que era, porque se do meu jeito fosse, eu rejeitaria, enjoaria e até tentaria fazê-lo voltar a ser como era.
Assim fazemos com as pessoas também. No início as amamos como são, depois que estão conosco começamos a criticar, tentamos mudá-las, tentamos “colocar do nosso jeito”, sem saber que nosso jeito são nossas projeções, pessoas que não existem, e que se existissem, enjoaríamos delas. Transformamos para descartar, porque quando aquela pessoa muda, muito provavelmente quem gostávamos não está mais lá.
Essa semana voltei à padaria, pedi o sequilho sem goiabada e mandei avisar ao padeiro que o próximo texto quem escreve é ele. Provavelmente virá algo de bom, ainda que não seja doce.
Abençoados sejam meus amigos cada qual a sua maneira e o seu jeito de ser”.

(*) em Portugal é uma pessoa sovina, pão-duro

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