A expressão “Fake News” há muito entrou para o vocabulário mundial.
Aqui no Brasil estamos saindo de um processo eleitoral onde as notícias falsas foram amplamente utilizadas e as chamadas “agências checadoras” quase não davam conta de acompanhar o que se passava nas redes.
A verdade é que o mundo, antes limitado à imprensa escrita, rádio e TV, mudou muito após o surgimento das mídias digitais. Se até então uma notícia falsa era mais fácil de ser enfrentada, hoje o estrago causado por uma delas remete ao que se dizia antigamente e sobre o que já escrevi em meu Blog: que a calúnia era um travesseiro de penas aberto em um campanário. A analogia pretendia mostrar a dificuldade de uma pessoa reconstruir a reputação após ela ter tido atingida.
É bem oportuno, assim, lembrar da parábola que dizem ser judaica e que fala sobre o encontro entre a Mentira e a Verdade.
Parece ironia, mas no caso dela há diferentes registros. Eu preferi contá-la ao meu modo, mantendo-me, claro, fiel à mensagem original.
Antes de prosseguir com a leitura, observe a imagem da ilustração.
Trata-se de uma reprodução do quadro “A Verdade Saindo do Poço” pintado em 1896 pelo francês Jean-Léon Gérôme.
Viu que ela está com um chicote na mão?
A história te mostrará a razão:
“De acordo com uma lenda, a Verdade e a Mentira, que nunca foram muito próximas, encontraram-se um dia.
A Mentira foi até a casa da Verdade e bateu à porta dizendo:
– ”O dia está maravilhoso, hoje”.
A Verdade saiu, olhou para o céu e viu que não havia nuvens de chuva. Sentiu uma brisa suave soprando, apesar do calor relativamente intenso.
Só depois disso é que respondeu à saudação:
– “Bom dia, Dona Mentira!”
Em seguida a Mentira convidou-a para um passeio e as duas começaram a caminhar, seguindo por uma trilha e conversando sobre trivialidades.
A Verdade, sabendo da fama da Mentira, avaliava cada palavra dita por ela, preocupada com o que a outra pudesse fazer, mas, lembrando que ela tinha sido correta sobre a beleza do dia, sentiu-se mais confiante.
Um pouco mais para a frente chegaram à um poço e a Mentira falou:
– “Está muito quente, hoje! Vamos tomar um banho, dona Verdade?”
Dito isso, a Mentira se despiu e entrou, dizendo:
– “Venha, a água está uma delícia, simplesmente maravilhosa.”
A Verdade, ainda desconfiada, testou a água e percebendo que estava realmente muito gostosa, também tirou a roupa e entrou no poço.
Logo que ela mergulhou, a Mentira saiu da água, vestiu as roupas da amiga e fugiu.
A Verdade, furiosa por ter sido enganada, saiu do poço e pegou o chicote para acertar as contas com a Mentira, mas não quis vestir as roupas da outra para não ser confundida com ela.
Segura e confiando em sua reputação, decidiu sair nua à caminhar, mas o mundo, vendo a Verdade nua, desviou o olhar, com desprezo e raiva.
Decepcionada, a pobre Verdade voltou ao poço e desapareceu para sempre.
Desde então a Mentira anda por aí, vestida como a Verdade e satisfazendo as necessidades do Mundo, que não demonstrou nenhuma vontade de encontrar a Verdade nua.
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3 thoughts on “Parábola Judaica: o Dia Em Que a Mentira Aprontou Para a Verdade”
A verdade não pode ser nua, ela é a verdade. Ela nunca se escondeu, os homens que a escondem, pois ela dói.
Meus sinceros e verdadeiros parabéns pela matéria retrato atual de nossa vida política do Brasil…
Excelente