Poema Certo, Pandemia Errada

Há poucas semanas começou a circular poema atribuído à uma poetisa que viveu nos anos 1800 e que o teria escrito por ocasião de uma pandemia.

Logo em seguida descobriu-se que a mulher e a tal pandemia jamais existiram, mas aí a internet “decidiu” que o autor era o poeta uruguaio Mario Benedetti. Esse, que existe de verdade, de pronto desmentiu.

Bom, as agências de checagem logo verificaram que o poema é do cubano Alexis Valdés, que o publicou no Instagram em 12 de abril deste ano.

O poema é muito bom e compartilho-o abaixo, com a tradução que me pareceu mais adequada:

Esperança

Quando a tempestade passar
E se amansarem os caminhos
Seremos sobreviventes
de um naufrágio coletivo.

Com o coração dilacerado
Mas com destino abençoado
nos sentiremos felizes
apenas por estarmos vivos.

E daremos um abraço
ao primeiro desconhecido
e vamos louvar a sorte
de conservar um amigo.

E então vamos lembrar
De todos os que perdemos
e de uma vez aprenderemos
tudo o que não tínhamos aprendido.

Não seremos mais invejosos
pois todos teremos sofrido.
Não seremos mais preguiçosos
Seremos mais compassivos.

Valerá mais o que é de todos
O que eu nunca tinha conseguido
Seremos mais generosos
E muito mais comprometidos

Vamos entender o quão frágil
significa estar vivo
Vamos suar empatia
Por quem ficou e quem já tinha partido.

Vamos sentir falta do velho
que pedia esmolas no mercado,
não sabíamos o nome dele
e estava sempre ao nosso lado.

E quem sabe o pobre velho
era nosso D-us disfarçado
Nunca perguntamos seu nome
porque estávamos sempre apressados.

E tudo será um milagre
E tudo será um legado
E a vida será respeitada,
a vida que temos ganhado.
Quando a tempestade passar
Te peço D-us, desolado
que nos devolva melhores,
como Tu havia sonhado.

 

One thought on “Poema Certo, Pandemia Errada

  • Gerson Guelman, se eu votasse em Curitiba, você teria tido 1944 votos...

    MCSTR é de Maria do Carmo Strozzi, amiga da Clá, da Con, da Giza… lá pelos idos da década de 70!
    Aliás, foi uma delas que me mandou. Abração!

    Responder

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