“O objetivo da vida é criar melhor defesa contra a morte”.
“As coisas que vi são indescritíveis… Fiz a visita deliberadamente, para estar em condições de fornecer provas em primeira mão dessas coisas se algum dia, no futuro, desenvolver-se uma tendência de acusar essas alegações meramente de propaganda”.
(Telegrama do general Dwight D. Eisenhower, comandante das Forças Aliadas ao chefe do Estado-Maior em Washington, após visita à Ohrdruf-Buchenwald, primeiro campo nazista libertado pelas tropas norte-americanas).
“Nós vimos pessoas magras, torturadas, exaustas; podíamos ver por seus olhares que estavam felizes de serem salvos daquele inferno”.
(Palavras do soldado soviético Ivan Martynushkin descrevendo o que viu em 27 de janeiro de 1945, quando da libertação do campo de extermínio de Auschwitz).
Os Amigos que acompanham minha coluna no HojePR e no Blog sabem que as 6ªs feiras trazem uma dose do bom Humor Judaico, como um prenúncio do bom final dse semana que desejo à todos.
Hoje a rotina será quebrada em razão do simbolismo da data, que traz a lembrança de um fato que traz muita emoção aos judeus, de forma especial, mas também às pessoas que acreditam na possibilidade da criação de um mundo melhor, mais justo e menos sujeito aos surtos desequilibrados de déspotas.
27 de janeiro foi definido pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data faz referência à liberação pelas tropas soviéticas do campo de concentração e extermínio nazista alemão de Auschwitz, há 78 anos.
Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Somente em suas câmaras de gás e crematórios foram cruelmente exterminadas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, aquela máquina de morte assassinava seis mil pessoas por dia. Auschwitz, assim, passou a ser sinônimo do genocídio de judeus, ciganos, Testemunhas de Jeová, homossexuais, deficientes físicos e mentais e e opositores políticos do mais hediondo regime de governo da história da humanidade.
As tropas soviéticas libertaram outros campos já em julho de 1944, como o de Majdanek, próximo à cidade de Lublin, na Polônia. Os alemães, surpresos com a rapidez do avanço, tentaram esconder as evidências do extermínio em massa ateando fogo ao enorme crematório utilizado para carbonizar os corpos dos prisioneiros assassinados, mas devido à pressa deixaram as câmaras de gás de pé. No verão daquele ano os soviéticos também entraram em Belzec, Sobibor e Treblinka.
É importante lembrar que na libertação de Auschwitz a resistência dos soldados alemães causou a morte de 231 soldados soviéticos. Naquele dia os nazistas já haviam retirado a maioria dos prisioneiros,
forçando-os a seguir à pé rumo à Alemanha nas infames “marchas da morte”. Assim mesmo os soldados encontraram 8 mil prisioneiros esqueléticos, provas vivas do horror implantado pelos canalhas em Auschwitz.
Embora antes da fuga os alemães houvessem destruído a maioria dos depósitos, nos que restavam foram encontrados os pertences das vítimas roubados pelos nazistas, como centenas de milhares de ternos masculinos, cerca de 800.000 vestidos e mais de 7.000 quilos de cabelo.
Nos meses seguintes foram liberados pelos soviéticos outros campos na Polônia e nos paises Bálticos e, pouco antes da rendição alemã, também libertaram os prisioneiros de Stutthof, Sachasenhausen e Ravensbrück.
Em abril os norte-americanos entraram no campo de concentração de Buchenwald, perto de Weimar, na Alemanha, logo após os nazistas terem começado a evacuação. Cabe destacar que naquele dia, 11/4, uma organização secreta de resistência organizada por prisioneiros atacou e controlou o campo, impedindo as atrocidades que os alemães cometeram antes de se retirar de outros campos. Lá eles libertaram mais de 20.000 prisioneiros e em seguida conseguiram liberar os campos de Dora-Mittelbau, Flossenbürg, Dachau e Mauthausen.
Ao entrar nos campos os Aliados constatavam a tragédia criada pelos nazistas e encontravam pilhas de corpos não sepultados. Os poucos sobreviventes pareciam esqueletos devido ao trabalho escravo e à falta de alimentos, somados à meses e até anos de maus tratos. Muitos estavam tão fracos que não podiam caminhar e, em razão da ameaça representada pelas doenças e para evitar a propagação de epidemias, muitos campos tiveram suas instalações queimadas.
Somente depois é que o mundo tomou conhecimento do horror do genocídio. Após a liberação, a maioria dos sobreviventes se depararam com enormes dificuldades para se recuperar, com recursos limitados e pouco suporte, carregando traumas pelo resto de suas vidas. Há que se destacar, no entanto, que muitos foram salvos por indivíduos ou grupos que colocaram suas próprias vidas em risco para ajudá-los, sendo assim credores eternos do reconhecimento do povo judeu.
Segundo estimativas, existem entre 200 e 300 mil sobreviventes judeus. Os números são imprecisos em razão da dificuldade na coleta de dados; sabe-se que muitos não foram identificados ou não relataram sua experiência. De acordo com a Claims Conference, uma entidade judaica norte-americana, em 2020 existiam em torno de 67.100 sobreviventes do Holocausto nos Estados Unidos. Em Israel, em 2021, acreditava-se que haveriam 161.400. Como é natural, o número é decrescente e a média de idade deles é superior a 85 anos. Em torno de 1.000 têm mais de 100 anos.
“Jurei nunca ficar calado quando e onde quer que os seres humanos suportem sofrimento e humilhação. Devemos sempre tomar partido. A neutralidade ajuda o opressor. nunca a vítima. O silêncio encoraja o algoz, nunca o atormentado”.
(Elie Wiesel (30/9/1928–2/7/2016), escritor judeu, sobrevivente do Holocausto, Prêmio Nobel da Paz de 1986 pelo conjunto de sua obra de 57 livros, dedicada a resgatar a memória do Holocausto e a defender outros grupos vítimas das perseguições).
4 thoughts on “Por Que Hoje Não Tem Humor Judaico?”
Estive em Auschwitz e a foto aí me trás à lembrança a cena que vi. Sai de lá com uma convicção. Sempre que alguém fala de horrores, etc., eu pergunto, “Vc já visitou Auschwitz?” E minha convicção me levou a outra: se vc nunca visitou, não pode deixar este mundo sem visita-lo. Todas as pessoas que afirmam ter fé, qualquer fé em um ser superior, têm que ir ao campo de extermínio de Auschwitz. Não é apenas campo de concentração, é de extermínio.
Quando dizem que não, ou começam a falar sobre coisas que não têm a menor ideia, tanto quanto possível peço licença e me retiro. Minha esposa foi comigo. Ela é profundamente cristã. Não posso falar do sentimento dela, mas havia alguma coisa vergonhosa sobre o homem depois daquela visita memorável. A partir daí ela que sempre tinha um olhar mais ‘humanista’ sobre a humanidade, decidiu que re-pensar o que vira mudara a sua vida.
Vc que me lê, leitor, permita-me o dono do blog essa audácia, “já fostes a Auschwitz? Não?”.
https://diariodopoder.com.br/notas/ttc-fique-de-olho/tarcisio-manda-restaurar-obras-de-artista-judeu-sobre-holocausto Caso tenha passado despercebido ao ilustre Gerson, segue o link.
Realmente não sabia, uma ótima notícia. Obrigado por me mandar!
Prezado,
Sou jornalista, estou produzindo um documentário e gostaria muito de conversar com o senhor. Tentei entrar em contato pelo e-mail indicado neste blog, mas não obtive sucesso.
Agradeço se tiver uns minutinhos para conversarmos por telefone. Assim poderei explicar melhor o tema do documentário e o objetivo do meu contato.
Atenciosamente,
Filipe Andretta
+55 41 99623-6698
contato@senhordarazao.com.br