Minha tia Bertha, uma das duas irmãs do meu pai, era uma ótima contadora de histórias.
Dona de um bom humor fantástico, foi a primeira filha do vovô Salomão a nascer em Curitiba. Depois dela veio meu pai, o caçula. Foi casada com Manoel Scliar e dele também tenho histórias deliciosas, que com o tempo vou compartilhar com vocês.
Certa vez ela colocou um anúncio para conseguir empregada para casa. Se não estou enganado fez isso pelo rádio, então o maior veículo de comunicação, mas pode ser que tenha colocado anúncio em jornal ou na loja de móveis da família, local de muito movimento.
A verdade é que no dia seguinte apareceu uma candidata, que tocou a campainha e foi atendida pela própria dona da casa.
Em vez de ser interrogada, a moça começou perguntando:
– “A sua casa é filial ou matriz?”
Tia Bertha não entendeu, pediu que ela explicasse e teve a seguinte resposta:
– “Se vocês saem daqui nos domingos para almoçar na casa dos pais ou sogros, aqui é filial. Mas se vocês têm filhos que vêm almoçar aqui nos domingos, sua casa é matriz. E em matriz eu não trabalho.”
Aí foi a vez da tia Bertha impor as condições:
– “E você sabe tocar piano?”
– “Não” – disse ela, – “porque?”
– “Porque aqui gostamos que toquem piano na hora do almoço.”
Não ficou.