A Vaga Perfeita
Desde que a empresa onde trabalhava faliu, Benny não parou de procurar emprego — mas também nunca se esforçou o suficiente para correr o risco de ser contratado. Muitos meses se passaram sem sucesso. Mas então, um dia, ele correu para casa e, assim que viu a esposa, exclamou com um grande sorriso:
— Querida, finalmente encontrei um emprego!
— Mazal tov! (*) — disse Hannah. — E como é o trabalho?
— É um emprego de quatro dias por semana — respondeu Benny —, com sete semanas de férias remuneradas por ano. As horas extras são pagas em dobro, e a empresa fornece um carro pequeno.
A princípio, Hannah não conseguiu evitar um sorriso. Mas, de repente, ficou séria:
— Isso parece maravilhoso… Mas qual é o problema? Tem alguma coisa escondida?
— Não, não há problema nenhum — respondeu Benny. — Você começa amanhã.
(*) Mazal Tov (em hebraico) ou Mazel Tov (em iídiche) é uma expressão usada para parabenizar por uma ocasião significativa ou festiva.
O Diabo Está nos Detalhes
Nicholas, cristão, e Abe, judeu, chegaram juntos ao Inferno. Ainda atônitos com a situação, assustaram-se ao ver uma porta se abrir na parede. Dela surgiu talvez a mulher mais feia que já tinham visto: baixinha, suja, coberta de pelos pretos e grossos. Moscas a rodeavam, e de longe já se sentia cheiro de enxofre.
A voz do Diabo ecoou:
— Nicholas, você pecou! Está condenado a passar o resto da eternidade na cama com esta mulher!
Nicholas gemeu e esperneou enquanto era arrastado porta adentro por demônios menores.
A cena abalou Abe, que mal teve tempo de se recuperar antes que uma segunda porta se abrisse. Diante dele, Cindy Crawford — de biquíni minúsculo, linda e sorridente. Abe ficou extasiado, pronto para entrar dançando.
Então ouviu a voz do Diabo novamente:
— Cindy, você pecou…
Quando a Iluminação não Ajuda…
Um agente do Mossad foi até um apartamento em Tel Aviv. Verificou discretamente os nomes nas caixas de correio e, ao se aproximar do quarto escolhido, apalpou o revólver escondido no paletó. Nunca é demais ser cauteloso.
Bateu à porta. Já era tarde. Bateu de novo. Ouviu passos do outro lado.
Um senhor idoso, de roupão, abriu a porta e olhou com desconfiança. O agente disse:
— Os tordos-ruivos ficaram em Estocolmo o inverno todo.
O senhor piscou, confuso:
— O quê?
O agente repetiu, um pouco mais devagar:
— Os tordos-ruivos ficaram em Estocolmo o inverno todo.
Então um brilho de compreensão surgiu nos olhos do homem:
— Ah… Eu sou Ben, o professor de piano. Este é o quarto 212. Você está procurando a Sally, a espiã. Fica no 312.