Poucos artistas souberam compreender, traduzir em sentimentos e cantar a alma do nordestino brasileiro como Luiz Gonzaga. Mais conhecido como Gonzagão, ele nasceu em 1912 em Exu, Pernambuco, e morreu em 1989, aos 76 anos.
Considerado o Rei do Baião, deixou uma obra com mais de 500 músicas, marcada pela valorização da cultura nordestina, com temas como a seca, o amor, a vida no agreste e a alegria do povo da região, à quem deu voz.
Mas não foi só o baião; Gonzagão popularizou o xaxado e o forró, ritmos que até então eram pouco conhecidos fora do Nordeste. Sua obra será para sempre um patrimônio cultural brasileiro, representando a alegria, a força e a resistência daquela população.
Talvez por isso mesmo outras pessoas não teriam a legitimidade dele ao expressar a decepção que teve com o povo ao pretender, duas vezes, candidatar-se a Deputado Federal, fato pouco conhecido.
Em 1983 ele concedeu entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, também já falecido, onde explicou porque desistiu do projeto de entrar na política.
Não se pode colocar a culpa no povo. A responsabilidade é dos velhos “Coronéis” que historicamente subjugam os mais fracos, seja pela água fornecida pela indústria dos caminhões-pipa, pela doação eventual do alimento e pelos favores relacionados ao acesso à saúde.
A solução para a pobreza no Nordeste do Brasil passa pelo esforço conjunto do governo, da sociedade civil e do setor privado, para que a população tenha acesso à educação e à qualificação profissional, aumentando as oportunidades de emprego e renda em toda a região.
A superação dessas dificuldades requer ações coordenadas do governo, da sociedade civil e do setor privado, e não há uma solução única para o problema. É um desafio de longo prazo que exige esforços contínuos e sustentáveis.
Resumindo: enquanto não houver educação para as crianças, saúde e renda para todos, o quadro continuará assim.
Hoje, 34 anos depois, acho que o Gonzagão desejaria só continuar cantando.