Este 22 de novembro marcará o 60º aniversário da morte do 35º presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy. Nesse dia, em 1963 e aos 46 anos, ele foi assassinado em Dallas, no Texas.
Kennedy, em campanha pela reeleição, estava na cidade com sua esposa, Jacqueline, quando o carro presidencial foi alvejado por tiros. Atingido na cabeça e no pescoço, morreu após alguns minutos. O suspeito, Lee Harvey Oswald, foi preso no mesmo dia, mas foi morto por Jack Ruby, um dono de boate, dois dias depois. Sua morte gerou controvérsias e teorias da conspiração que persistem até hoje.
O assassinato dele teve um impacto enorme em todo o mundo. Kennedy tinha apenas 43 anos ao iniciar o mandato e era uma figura carismática e inspiradora. Com uma abordagem inovadora para a política e em um país que ainda se ressentia fortemente da participação na 2ª Guerra Mundial, que havia acabado há pouco mais de 15 anos, ele usou o termo “New Frontier” para descrever seu programa de governo, que propunha a ampliação dos direitos civis e a melhoria da educação e da saúde pública, além da promoção do desenvolvimento econômico.
Mais do que o retrospecto de um acontecimento histórico, quero mostrar aos mais novos os notáveis avanços que minha geração presenciou e ainda está vendo acontecer, especialmente na área da comunicação.
Já disse aqui que minha avó paterna, Sofia, tinha cinco irmãos e contei como eles se separaram na saída da Europa. Chamei a história de “A Escolha de Salomão”, que você pode ler clicando aqui .
A irmã dela, minha tia-avó Mira (Mirel, em iídiche) morava em Pittsburgh, nos Estados Unidos, e estava em Curitiba visitando os irmãos quando o presidente John Kennedy foi assassinado, no dia 22 de novembro de 1963.
Eu tinha 16 anos e lembro muito bem da comoção que tomou conta do mundo. O choque foi enorme, porque Kennedy era jovem e representava uma esperança de paz e prosperidade para todos. Isso, é claro, sem falar nas circunstâncias da morte dele.
A tia Mira, como americana, ficou em choque e me pediu para passar um telegrama para os filhos. O relato dessa história é exatamente o que dará aos mais jovens a dimensão da mudança pela qual o mundo passou.
Logo que tomou conhecimento do ocorrido, ela me pediu para passar um telegrama de condolências para os filhos, e me deu um papel com a mensagem: “greatly shocked sad news”.
Quase toda a família Guelmann morava na Ângelo Sampaio na quadra entre Petit Carneiro e Brasílio Itiberê, onde pegávamos o ônibus em frente ao armazém do “seu” Lima (sobre o qual pretendo escrever um dia desses).
A linha ia da “Capelinha” da Água Verde à praça Carlos Gomes, junto a Gazeta do Povo. Desci lá e caminhei até a Ébano Pereira, onde ficava a “Radional”, no local onde depois funcionou a loja Fedato Sports.
A Radional era a empresa responsável pelas comunicações internacionais realizadas através do rádio. Ali passei o telegrama.
Hoje, quando rememoro essa história, tenho que contar aos mais moços como a mensagem da minha tia chegou aos filhos dela. E isso fica mais fácil de entender, nessa sequência:
1. Minha tia decidiu mandar o telegrama; peguei o ônibus e fui até a Radional;
2. No balcão, após ter feito o pagamento, o telegrama foi transmitido via rádio;
3. No correio de Pittsburgh um operador recebeu a mensagem e a escreveu em um formulário, usando uma máquina de escrever;
4. O telegrama foi entregue a um mensageiro, provavelmente de bicicleta, que foi até a casa dos meus parentes e o entregou.
Vamos admitir que todo esse processo tenha levado, digamos, umas 4 ou 5 horas?
Você que já nasceu “digitalizado” e com o mundo ao alcance da mão pelo celular, consegue imaginar? Considerando que fala com familiares e amigos com voz e imagem a qualquer momento e a um custo irrisório, acredita que há algumas décadas era assim?
One thought on “A Morte do Presidente Americano e o Telegrama da Minha Tia-Avó”
É é cada dia que passa as coisas vão ser mais e mais rapidas