Abraão Cohen, um senhor idoso e viúvo, viu que abriu um restaurante especializado em sopas perto de sua casa e passou a frequentá-lo todos os dias para o almoço.
Logo ele se habituou a pedir a sopa do dia, servida com duas fatias de pão.
Depois de algum tempo, vendo que o cliente era assíduo, o gerente resolveu perguntar se ele havia gostado da refeição.
Com forte sotaque iídiche, Abraão respondeu:
– “Gostei, mas você poderia ter me dado um pouco mais de pão.”
No dia seguinte o gerente disse à garçonete para dar quatro fatias de pão ao senhor, e, ao término da refeição, perguntou:
– “E então, senhor Abraão, como estava a sopa hoje?”
O velhinho respondeu:
– “Estava boa, mas acho que vocês podiam servir um pouco mais de pão.”
A partir daí o gerente ficou obcecado pela vontade de ouvir o cliente admitir que a refeição estava boa, sem nenhuma crítica.
No outro dia, ao ver Abraão entrando, orientou a moça que o atendia para levar oito fatias de pão.
Quanto entregou a conta na mesa o gerente repetiu a pergunta de sempre e teve também a mesma resposta:
– “A sopa estava ótima, mas vocês podiam servir um pouco mais de pão”.
Alucinado com o que estava acontecendo, na mesma tarde o gerente foi à padaria que produzia o pão e encomendou uma baguete de 60 centímetros de comprimento.
Imaginando que dessa vez arrancaria um elogio do exigente freguês, ele e a garçonete cortaram o pão no sentido do comprimento, passaram manteiga em ambos os pedaços e esperaram Abraão chegar.
Metódico, o idoso chegou no horário de sempre, pediu a sopa do dia e a tomou enquanto comia o enorme pão, sem dizer nada.
Ao término, conta na mão e sorriso nos lábios, o gerente fez a indagação de todos os dias, certo de que finalmente receberia o reconhecimento esperado:
– “O que me diz da sopa de hoje, senhor Abraão? Gostou?”
Com o semblante e o sotaque habitual, ele respondeu:
– “Boa como sempre, mas vejo que vocês voltaram a dar só duas fatias de pão!”