Parece uma salada de palavras, mas vou ordenar.
Há poucos dias comentei sobre a súbita e surpreendente isenção da Globo quando o assunto é o êxito obtido por Israel na vacinação contra o Covid-19.
No artigo em que tratei de manifestação antissemita acerca do sucesso israelense, escrevi que muitos judeus brasileiros dizem que “quando se trata de atacar o Presidente Bolsonaro a Globo chega até a elogiar Israel” – e é verdade.
Há pouco, no Jornal Hoje, a emissora destacou o resultado de pesquisa com 600 mil israelenses que receberam a 2ª dose da vacina da Pfizer, comparados à outros 600 mil ainda não imunizados.
A eficácia é extraordinária: 94% nos casos sintomáticos e 92% na forma grave da doença. O estudo foi concluído uma semana após a 2ª aplicação.
Faltou dizer que o sucesso de Israel baseia-se no sistema de saúde pública tecnologicamente avançado e, especialmente em outros dois pontos:
1. o acordo com a Pfizer foi fechado em maio do ano passado, ou seja, logo após o início da pandemia. Na mesma época foram contratados fornecimentos da Moderna e da AstraZeneca.
E no Brasil?
O Ministro da Saúde afirmou que em setembro o governo recusou oferta da Pfizer por julgar as condições inaceitáveis (há vídeo sobre isso).
2. No negócio fechado com a Pfizer os israelenses trocaram vacinas por dados. Israel comprometeu-se e está fornecendo ao fabricante e à Organização Mundial da Saúde informações sobre a idade, sexo e histórico médico das pessoas que receberam a vacina, bem como seus efeitos colaterais e eficácia. Na ocasião o Ministro da Saúde, Yuli Edelstein garantiu ao laboratório que a vacinação seria feita “na velocidade que eles nunca ouviram falar”. Importante: nenhum dado de identificação das pessoas está sendo fornecido.
E no Brasil?
Guardadas as devidas diferenças, nosso país sempre foi modelo no que se refere a vacinação. O Programa Nacional de Imunização (PNI) é referência mundial, pela incorporação de diversas vacinas no calendário do Sistema Único do Saúde (SUS).
Dá para afirmar, assim, que se tivéssemos nos antecipado para garantir um fluxo adequado de fornecimento de insumos, a estrutura sedimentada ao longo de anos e anos de campanhas evitaria esse quadro tão tenebroso um ano após a eclosão da pandemia.
p.s.: a Globo não disponibiliza o vídeo de suas matérias para inserção no Blog. Para visualizar, clique aqui.