Devo, Não Pago…

Rogério Distéfano, que sei lá porque resolveu testar minhas coronárias, me honrou com fragmentos de nossas memórias comuns:

Devo, não pago…

Rogério Distéfano

Não há esfiha neste mundo que pague minha dívida com Gerson Guelmann, nosso confrade do etudoacabouemsfiha.com.br. A coluna do débito vem de longe, da adolescência, ele, Gilberto, o irmão mais velho e eu – entre outros melhor votados de Curitiba – internos no Ginásio Adventista Paranaense, ali onde é hoje a CIC. Foi o pai dele, Isaac, maçom como o meu, quem indicou o colégio – conta a lenda familiar que a escola corrigia filhos encrenqueiros, e aqui falo por mim, pois da parte dos Guelmann havia encrenca diária entre Gilberto e Gerson, coisa normal entre irmãos.

Passa o tempo, bons vinte anos, e tropeço em Gerson de novo, melhor amigo da moça que eu namorava, relação de irmãos entre eles. A recepção não foi das mais calorosas. Até hoje não tirei a limpo porque não interessa, somos bons e fraternos amigos. Amigos, sim, mas a conta corrente não sai do saldo credor de Gerson: como sempre, outros vinte, trinta anos, e ele me salva de tocaia armada pela tropilha do caudilho do Bigorrilho. E olhe que Gerson estava do outro lado. Gerson é mensch, como dizem os judeus das pessoas de valor.

Ainda peço recuperação judicial, a dívida aumenta todos os dias, não pago e ele insiste em não cobrar. Os lançamentos na conta do débito cada vez menos espaçados, ainda hoje, domingo, teve mais um: ele, sempre gentil, avisa pelo zap zap que errei em texto neste blog, no qual confundi bagulhos com bagalhos. Mas a bem da verdade, ainda prefiro o velho Salomão, avô dele, que levava no bolso aquele vidrinho de “A Saúde da Mulher”, remédio para cólica menstrual, do qual se servia durante o dia. Lá dentro, a melhor pinga de Morretes. Melhor que esfiha, não acham?

(Publicado originalmente no Blog do Zé Beto)

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