Acho que não contei ainda que o Eduardo Brogiollo era Representante Comercial; foi nessa condição que o conheci, quando ele foi recomendado para trabalhar com a empresa da minha família, a fábrica de móveis Guelmann.
Um dos melhores clientes que a Guelmann passou a ter depois da contratação do Eduardo foi a loja Mappin.
Essa empresa era um fenômeno: mesmo tendo apenas um ponto durante muito tempo, era tida como a empresa de varejo de maior venda por metro quadrado do mundo.
A sede do Mappin era na praça Ramos de Azevedo, onde além da loja funcionavam todos os demais departamentos da empresa, inclusive compradores.
Uma vez entramos no elevador que atendia todos os andares, cheio de clientes. Era enorme, daqueles de porta pantográfica.
Ali ele travou um diálogo com o ascensorista, que evidentemente conhecia o Eduardo e estava acostumado às loucuras dele:
– “E aí, teve mais notícias daquela senhora que se acidentou?
– “Não, não tive” – respondeu o homem, encabulado e preocupado, pensando no que viria a seguir e desejando que a conversa ficasse por ali.
Aí o Dudu continuou, falando sozinho:
– “Eu falo sempre que não dá para usar parafuso nacional no fundo de um elevador desses. Tinha que ser importado, para aguentar o peso. Veja a situação dessa senhora, ter que amputar a perna…”
Em seguida chegamos no nosso andar e, por coincidência, parece que os demais passageiros também queriam ficar ali.
Desceram todos.