Há poucos dias contei a história de um Colaborador que começou a trabalhar com meu avô Salomão antes de o meu pai nascer. Acredito que existiam outros casos, e de cabeça lembro de pelo menos mais um.
A indústria tinha uma serraria na localidade de Banhados, em Guarapuava, e lá trabalhava o Manoel Kintopp, que foi transferido daqui de Curitiba quando a serraria foi instalada. Ele era o foguista, encarregado da alimentação e manutenção da caldeira.
Meu pai, apesar de muito moço (já contei que ele era o caçula dos filhos e faleceu com menos de 42 anos), era o Diretor Industrial da empresa. Por conta dessa atividade, além da administração da fábrica no Portão, cuidava das serrarias – essa em Guarapuava e uma outra em Joaçaba.
Ele era dono do chamado ‘bom humor irritante’, característica que meus dois irmãos e eu recebemos dele. Assim como o vovô Salomão, era uma pessoa generosa e dispensava aos funcionários o tratamento aberto e igualitário que era comum nas empresas familiares.
O Manoel Kintopp era um sujeito muito bem humorado e tinha com meu pai uma relação de camaradagem que só podia ser explicada pela condição de tê-lo visto nascer e dar os primeiros passos no meio da serragem e das tábuas de madeira da fábrica de móveis.
E foi com ele que deu-se uma história carregada daquele humor ingênuo que se vê nas pessoas simples.
Um dia, meu pai transmitiu uma determinação qualquer, e o Manoel
Kintopp, mãos na cintura, respondeu:
– “Isaac, quando papai morreu, deixou as coisas para todos os irmãos. Agora só você quer mandar?”
Meu pai não teve alternativa senão abraçar o Manoel e rir com ele.