Moiche, o Náufrago Judeu

Depois de um ano de trabalho duro, Moiche decidiu tirar férias e comprou um pacote de viagem que incluía um cruzeiro pelo Caribe.

Os primeiros dias foram perfeitos, até que o navio naufragou durante uma tempestade. Moiche, com muita sorte e graças ao salva-vidas que estava vestindo, foi parar em uma pequena ilha. 

Olhando em volta, viu que não havia nada por ali, a não ser bananas, cocos e um riacho com água doce. Ainda assim, pensou: – “pelo menos não vou morrer de fome e sede”.

Os dias foram passando, Moiche estava desanimado pela perspectiva de ficar na ilha muito tempo, até que, dez semanas depois, sentado na sombra, viu uma pequena balsa chegar na praia e dela descer a mulher mais bonita que já tinha visto.

Chegando perto, ela disse:
“Oi!”

Moiche ficou pasmo. Não acreditava no que estava vendo, achando que era um delírio. Só depois de alguns segundos conseguiu responder:
“Oi! De onde você veio? Como você chegou aqui? Qual é o seu nome?”
“Espere”, ela disse – “uma pergunta de cada vez. Eu estou no outro lado da ilha há umas 10 semanas, desde que meu navio afundou. Acabei de remar de para cá. Ah, meu nome é Hannah”.

E ele continuou:
“Meu nome é Moiche, eu estava no mesmo navio. Que sorte que você teve de encontrar esse barco!”
“Essa balsa?” – a moça respondeu sorrindo – “eu não encontrei, fiz com material que achei na ilha. A madeira tirei de árvores caídas, e o fundo eu trancei com folhas das palmeiras”.

Intrigado, Moiche falou:
“Mas você precisou de ferramentas para cortar a madeira!”

E ela continuou explicando:
“Foi tudo improvisado. Eu fiz um treinamento de sobrevivência em Israel na excursão do meu colégio e aprendi algumas coisas… Primeiro fiz fogo raspando pedras, gravetos e capim seco; depois encontrei uma camada de rocha aluvial, aqueci as pedras nas chamas e aí foi só modelar no formato de machado para usar na construção da balsa”.

Moiche estava cada vez mais impressionado com as habilidades de Hannah, que disse em seguida:
“Se estiver tudo bem com você, não quer sair daqui e ir comigo para o meu lugar?”

Ainda sem acreditar, ele apenas acenou concordando.

A ilha era pequena e em menos de dez minutos remaram até o outro lado. Perto da praia Moiche ficou surpreso ao ver uma passarela de pedra que ia até uma cabana muito bem construída. Hannah amarrou o barco em um pequeno cais, usando uma corda também trançada a partir de folhas, e juntos entraram na cabana.

Percebendo o olhar de Moiche, ela disse:
“Não é muito, eu sei. Fiz o que foi possível, não sei quanto tempo vou ficar aqui e tentei ocupar o tempo e deixar tudo mais confortável. Sente. Quer uma bebida?”.
– “Não, obrigado” – ele respondeu – “eu já enjoei de água de coco”.

E Hannah o tranquilizou:
“Não é água de coco! Que tal uma piña colada? Encontrei abacaxis aqui na ilha e fiz um alambique!”

Eles sentaram num sofá improvisado e  beberam as piña coladas enquanto Moiche olhava tudo com espanto, sem entender como Hannah conseguiu fazer tudo aquilo em tão pouco tempo.

Um pouco depois Hannah levantou e disse:
“Vou vestir algo mais confortável. Enquanto espera, porque não toma um banho e faz a barba? Você vai encontrar uma navalha no armário do banheiro, também tem um pouco de gordura de coco, pode usar como sabonete”.

Moiche entrou em uma banheira escavada na rocha e tomou um banho muito gostoso, com água morna que escorria das pedras aquecidas pelo sol. Depois, pegou uma navalha feita de conchas e enquanto fazia a barba, pensou:
– “Hannah é inacreditável, verdadeiramente incrível. O que vou descobrir em seguida? Ela é capaz de fazer qualquer coisa!”

Quando voltou para a sala, Hannah já o esperava, com um vestido de folhas e com um cheiro muito gostoso de perfume feito com uma erva local, absolutamente fantástica. Ela o chamou para sentar ao lado dela e, sorrindo sedutoramente, deslizou para perto dele e olhando nos seus olhos, disse:
– “Moiche, nós estamos aqui isolados há mais de dois meses e não sabemos se e quando seremos resgatados. Imagino que agora que você me encontrou, deve ter alguma coisa que sinta vontade de fazer, algo que tenha desejado por todo esse tempo, você sabe…”

Moiche não acreditou no que ouviu e disse:
“Não é possível… Você quer dizer que posso ver meu WhatsApp?”

Foto: Picjumbo

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