Nathan viu sua esposa Sarah olhando atentamente pela janela e ficou curioso:
– “O que você está olhando, Sarah?”
– “Ah, estou observando nossos novos vizinhos, eles também são judeus” – ela respondeu.
– “E o que há de tão interessante neles?” – Nathan quis saber.
– “Bem, para começar” – disse Sarah – “é maravilhoso ver um casal tão dedicado e carinhoso um com o outro”.
Querendo saber mais, Nathan continuou perguntando:
– “E como você chegou a essa conclusão?”
– “Reparei que toda vez que ele sai de casa para trabalhar, primeiro ele beija a mezuzá (¹) e depois a beija apaixonadamente, enquanto aperta suavemente o bumbum dela com as duas mãos. E tem mais: enquanto se afasta, ele continua se virando para mandar beijos para ela”.
Percebendo o tom crítico de Sarah, Nathan deu de ombros e resmungou:
– “Nu?” (²) – ele perguntou sarcasticamente.
– “Bem, eu estava pensando, Nathan… Porque você não faz isso também?” – ela respondeu.
E sem titubear, Nathan respondeu:
– “Calma, me dê um tempo, eu mal a conheço. Ela acabou de se mudar.”
(¹) – “Mezuzá” é uma palavra hebraica que significa “umbral”. É um símbolo da fé judaica, usado na parte direita da porta de entrada da casa, escritório ou mesmo estabelecimento comercial (muitos a colocam também nas portas internas). É uma pequena caixa, em torno de 10cm, de madeira, vidro ou metal, e contém um pergaminho com duas passagens da Torá: Deuteronômio 6:4-9 e 11:13-21. Tem a função de que demonstrar que naquele lugar encontra-se um judeu e que está sob a maior proteção: D-us.
(²) – “Nu” é uma palavra em iídiche que significa “Hum?”, “O que?”, “Então, qual é a novidade?”
Foto: Hannah Olinger – Unsplash