O último sábado marcou o 2º aniversário da partida do Jaime Lerner z’l (*), que nos deixou em 27 de maio de 2021, aos 83 anos e depois de uma vida intensa que o deixou marcado na história como um dos homens públicos mais notáveis do Brasil.
Renomado Urbanista, Arquiteto e Político, o Jaime ficou conhecido pelo notável trabalho em três mandatos como Prefeito de Curitiba e dois como Governador do Paraná.
Para escrever texto sobre Curitiba, há poucos dias, pedi dados a um amigo que também trabalhou com ele e que me deu uma informação que desconhecia:
– em uma das campanhas políticas algoém sugeriu como brincadeira que fossem tiradas da fotografia da cidade as obras do Jaime para mostrar que sem ele Curitiba seria outra, totalmente diferente.
O mesmo amigo lembra que não se pode dizer que sem ele a cidade não teria mudado, mas é inegável que o Jaime introduziu medidas pioneiras e revolucionárias que melhoraram a qualidade de vida dos cidadãos e fizeram de Curitiba um modelo de urbanismo sustentável.
No governo do Paraná ele implementou políticas progressistas que contribuíram para mudar o perfil do Estado através do desenvolvimento econômico e social, promovendo a modernização da infraestrutura, estimulando o empreendedorismo e atraindo investimentos.
Nosso relacionamento começou em 1982 e foi alicerçada depois de 1988, quando me convidou para integrar a equipe na 3ª gestão na Prefeitura.
Vitorioso na “Eleição dos 12 Dias”, me convidou para trabalhar e pedi um tempo para pensar, já que tinha uma pequena empresa que dependia da minha presença à frente dos negócios. A resposta foi fulminante, ou, como ele mesmo dizia, “de sem-pulo”:
– “De jeito nenhum. Os que me pressionaram para que fosse candidato não podem pedir prazo”.
Na posse, dia 1º de janeiro de 1989, estava ao lado dele.
Daí em diante a convivência transformou-se em amizade sólida. Trabalhar como seu Chefe de Gabinete naquela gestão na Prefeitura e nos dois mandatos no Governo fez com que nossos laços passassem a ser fraternos, e assim foi até sua partida.
Foram quase 40 anos de convivência com ele, Fani, filhas, genros e irmãos (e para não correr risco de ter que me explicar, destaco meus queridos irmãos de coração, Clarita e seu marido Henrique).
Já publiquei muitas histórias dessa relação. A de hoje, de nome estranho, tem a ver com uma antiga fazenda da minha família:
– logo no início da 1ª gestão no governo, em 26/5/1995, foi inaugurada em Apucarana a 1ª Vila Rural, chamada Nova Ucrânia. Já na PMC não costumava acompanhá-lo em viagens, mas como era um projeto importante e teria a presença do Presidente FHC, achei que valia a pena ir. A agenda também previa uma 2ª etapa interessante.
Terminado o evento decolamos para a Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto da Copel, antes chamada Foz do Areia, no município de Pinhão. Lá o Jaime pretendia usar a antiga Vila dos Funcionários para instalar a Universidade do Professor, o que acabou acontecendo mais tarde.
Durante a visita fomos conhecer o Horto Florestal da Copel. Para mim foi uma oportunidade incrível, já que aos 21 anos tinha conduzido um projeto de florestamento na fazenda, com o plantio de 1.600.000 mudas. Impressionado com o que vi, elogiei a qualidade do trabalho ao Engenheiro Florestal que nos guiou e cujo nome infelizmente não gravei.
Passando por uma árvore, comentei com ele que era um belo “Taxodium Distichum”. Surpreso, ele perguntou como eu a havia identificado. Expliquei que havia plantado alguns exemplares na fazenda, em uma área úmida, por saber que isso era feito nos “swamps” (alagadiços) da América do Norte, e por isso era conhecida como “Pinheiro do Brejo”.
Claro que foi um golpe de sorte, mas jamais esquecerei a cara de espanto do Jaime Lerner. A demonstração do meu conhecimento botânico certamente não aumentou meu conceito perante ele, mas rimos muito e essa é mais uma das ótimas lembranças que tenho de nosso convívio.
(*) “z’l” é a abreviação da palavra em hebraico “zikhrono livrakhá” que significa ‘Que sua memória seja uma benção” e é usada após o nome de pessoas que já faleceram.
One thought on “O Jaime Lerner z’l e o Taxodium Distichum”
Gerson, meu caro: foi nos longínquos tempos de Jaime que trabalhamos juntos. Sou Raul Guilherme Urban, jornalista, que no próximo ano completa 50 anos de profissão, mas que desde 1993 está de retorno à Comunicação da PMC, após a atuação no Ippuc, de 1976 a 1986. Hoje – há 8 anos – c3edido à URBS, coordeno o Rádio Trânsito de dentro do Centro de Controle Operacional, na Rodoferroviária, mas ao longo desses anos atuei como repórter/assessor nas secretarias de Urbanismo, Abastecimento, Esporte e Relções Internacionais, desde Squl Rais até agora. Lembremos que em 1992 consegui publicar "Calçadão da Rua XV – 20 anos Depois"; em 2000, "Lares & Bares de Curitiba"; em 2002, "Pelos Bares do Paraná", e em 2004 (o lançamnto foi no útlimo dia da administração Taniguchi, na SMMA), "História do Transporte Coletivo de Curitiba – de 1885 a 2000". Enfim, gostaria de um belo dia nos encontrarmos para coletarmos memórias. Em andamento – já que atuo pessoalmnete no setor de pesquisa da Memória da História Urbana -, um enorme documento com hoje 2 mil páginas sobre a história do Mercado Municipal de Curitiba + História da Alimentação, da Hotelaria, da Gastronomia e Roteiro de Ervas, Temperos e Especiarias. Estou às ordens no 9-92819278, ou neste email (urbanraul@gmail.com). Talvez lembremos dos nossos tempos feitos de Tancredo Lombardi, Dario Lopes, Dalledone, Erailto Thiele, Rafael Dely, Lubomir e tantos outros… Forte abraço!!