“Croqui intuitivo, parte dos esboços preliminares à procura da materialização de uma ideia”, na definição do meu querido amigo Arq. Abraão Assad, que generosamente me cedeu para publicação.
Há exatos 30 anos, em 5 de outubro de 1991, foi inaugurado aqui em Curitiba o Jardim Botânico Francisca Richbieter.
Esse espaço de beleza única, que se constitui no ponto turístico mais visitado na capital paranaense e um dos mais conhecidos no Brasil, foi planejado, construído e inaugurado na 3ª e última gestão do Prefeito Jaime Lerner.
O projeto é do Arquiteto Abraão Assad, parceiro e amigo da vida toda do Jaime, e homenageia a Eng. Francisca Maria Garfunkel Rischbieter. As recém formadas Célia Bim, Simone Soares e Olga Prestes, arquitetas do IPPUC, participaram no desenvolvimento do projeto.
A ”Franchette”. como era chamada, foi uma das pessoas que “fizeram a cabeça do Jaime”, como ele sempre disse aos amigos mais próximos. Dona de uma extraordinária capacidade de trabalho e intransigente na defesa de seus princípios e valores, era a “Xerife” da cidade, vigilante feroz e sempre atenta ao menor sinal de transgressão dos cânones do nosso Urbanismo.
Logo no início do último mandato do Jaime ela me deu duas determinações expressas:
– montar uma equipe de recolhimento de faixas, cartazes e “galhardetes” de propaganda das ruas e, vejam só, chamar as empresas de fornecimento de concreto e exigir que limpassem o material que era derramado dos caminhões-betoneiras. A Franchette não aceitava que em algumas ruas íngremes da cidade houvesse uma verdadeira capa de concreto, que era derramado quando os caminhões arrancavam ao abrir o semáforo.
Claro que com o sol o concreto secava e a tal capa ia se acumulando e contribuindo para o furor da nossa querida Franchette (não sei se não foi daí que o Jaime criou uma de suas frases: – “não adianta chorar pelo concreto derramado… ♥).
Na Curitiba bem menor de 30 anos atrás, foi fácil reunir todas as empresas do ramo e fazer com que não apenas limpassem as ruas sujas como orientassem os motoristas para que lavassem o concreto despejado dali em diante.
Da inauguração do Jardim Botânico guardo a lembrança maravilhosa de um Jaime Lerner extremamente emocionado ao discursar e falar de sua Mentora. E é também emocionado que lembro de meu grande amigo que tão prematuramente nos deixou e que será eternizado por essa e outras obras tão grandiosas.
“Logo que inventaram os tais adoçantes, Jaime Lerner pediu um cafezinho lá na Boca. A moça perguntou:
– “quantas gotas, Prefeito?” “Duas esguichadas” – respondeu ele
A minha homenagem a quem critiquei como nomeado pela ditadura, a quem aprendi a admirar pelo conjunto de obras modernizantes, inovadoras, a quem cravou o nome na arquitetura mundial” – (Parreira Rodrigues, comentando no Blog do Zé Beto).
One thought on “O Jardim Botânico da Franchette e a Emoção do Jaime Lerner”
O Jaime sempre foi um “arquivo ” de projetos traduzidos em obras que transformaram Curitiba. Um arquiteto do mundo!