O Rabino e a Educação Infantil

Dois irmãos, de 8 e 10 anos, eram muito bagunceiros e rebeldes.

Se acontecia alguma coisa errada no bairro, todos sabiam que era coisa deles. Os professores também já estavam a ponto de desistir da dupla.

Os pais não sabiam mais o que fazer, tantas eram as reclamações da vizinhança e da escola. Um dia, comentando com os amigos da Sinagoga, souberam que o novo Rabino fazia um ótimo trabalho com menores infratores.

O pai sugeriu à mãe que fossem falar com o religioso. Afinal, pensou, se ele sabia resolver o problema de jovens mais problemáticos, certamente os orientaria sobre como disciplinar as crianças, que eram apenas excessivamente bagunceiras.

O casal então foi falar com o Rabino, que concordou em atender os meninos e disse que de início conversaria com eles separadamente, começando com o menor.

No dia marcado, os pais mandaram o mais novo ao Rabino. Ele recebeu o garoto e o fez sentar-se em frente a sua enorme e impressionante escrivaninha.

Por cerca de cinco minutos ficaram sentados, se encarando. O menino era ousado e apesar do ambiente desconhecido e um pouco assustador, não desviou o olhar.

Finalmente o Rabino apontou o dedo indicador para ele e perguntou:
– “Menino, onde está D-us?”
   
O menino olhou debaixo da escrivaninha, nos cantos da sala, em volta, mas não disse nada.
   
Mais uma vez e com a voz mais alta, o Rabino apontou para o guri e perguntou:
– “Me diga, onde está D-us?”

Novamente o menino olhou ao redor e ficou calado.
   
Na terceira vez, com a voz mais forte e firme, o Rabino avançou sobre a escrivaninha, colocou o dedo indicador quase no nariz do garoto, e perguntou:
– “Vou te perguntar mais uma vez: onde está D-us?”

Dessa vez o guri entrou em pânico, levantou rápido como um raio e saiu correndo.

Chegando em casa, arrastou o irmão para o quarto e os dois entraram no armário onde costumavam se esconder nos momentos de apuro.

Quase sem voz pelo susto e pela correria, conseguiu dizer:
– “Mano, nos metemos numa confusão daquelas”.
– “O que aconteceu?” – perguntou o mais velho.

Ainda trêmulo, o pequeno respondeu:
– “Estou te dizendo, estamos com um problema enorme. Eles não encontram D-us e acham que nós é que escondemos!”

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Foto: Victoria Art – Pixabay

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