Presente dos Céus

Uma manhã de domingo, o gatinho do Rabino Blumenfeld subiu na árvore do jardim da frente da casa e não desceu.

Ele tentou de tudo. Implorou, acenou com os petiscos preferidos, chamou durante horas, e nada. Colocou uma tigela de leite no pé da árvore, trouxe a cesta preferida do gato, mas não adiantou, ele não se moveu.

O Rabino pensou em chamar os Bombeiros, mas refletiu que não seria justo tirar as pessoas de um trabalho tão importante por um motivo tão fútil. Aí, teve uma ideia e achou que poderia solucionar o problema. 

Amarrou a ponta de uma corda à árvore, prendeu a outra extremidade no para-choque do carro e começou a move-lo lentamente. A árvore foi dobrando devagar, ele parou o carro e desceu para para ver se podia alcançar o bicho, mas não conseguiu.

Como o gato estava bem alto, o Rabino tentou ir mais para a frente com o carro, mas nesse instante a corda arrebentou e a árvore fez um movimento de chicote, jogando o gato muitos metros para a frente.

O pobre Rabino Blumenfeld  ficou desesperado e começou a procurar o gatinho. Perguntou em todos os lugares, sem sucesso, e passou a imaginar que poderia ter acontecido o pior. Aborrecido, torceu para que nada de mal tivesse acontecido com o bichano, de quem gostava muito.

Alguns dias depois, entrando no supermercado ele encontrou Dª Frida, que morava na região, e viu que ela tinha comida de gato na cesta. O Rabino estranhou, porque em outra ocasião, quando ele estava levando ração, ela lhe disse que odiava gatos.
“Frida, porque você está comprando comida de gato, já que você não suporta o bicho?” – perguntou ele.

“Eu nem sei como lhe dizer, Rabino” – respondeu ela.  – “Minha filha Sara há meses estava me implorando para comprar um gato, mas eu sempre recusava. Alguns dias atrás ela começou a pedir novamente e eu disse que se D-us mandasse um gato, ela poderia ficar com ele. E a menina foi para o jardim, olhou para o céu, e pediu a D-us.”

A essa altura o Rabino já estava espantado e tentando estabelecer uma conexão com o sumiço do seu gato. E a senhora continuou:
“Eu sei que é difícil acreditar, Rabino, mas eu vi com meus próprios olhos: de repente um gato veio voando do céu, com as patas abertas para se proteger na queda, e caiu bem na frente de Sara. Agora o senhor sabe porque eu estou comprando comida de gato!”

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