Quando a Omissão é Cúmplice da Opressão

O título de minha coluna de hoje poderia ser também “Quando a Omissão Vira Alienação“.

Explico: tempos atrás publiquei no meu Blog texto que convidava à reflexão sobre o fato de que muitas vezes, talvez pelo ritmo frenético da vida, nos defrontamos com situações que chocam nossa ética e senso de justiça, e por comodismo ou medo optamos pelo silêncio.

Lembrei da postagem por duas razões: a primeira porque me entristece perceber a posição de pessoas que sempre considerei sensatas e justas frente ao que está acontecendo na guerra Israel X Hamas. Não me coloco ao lado dos que logo classificam todos como antissemitas, ainda que alguns até possam ser, mas o que realmente me aborrece é a completa omissão à barbárie de 7/10, como se ação militar israelense estivesse desvinculada de qualquer outro acontecimento. Essas pessoas, aliás, aparentam desconhecer que a história recente dos Judeus é fortemente marcada pela lembrança do Holocausto e por preocupações com a segurança e o respeito à sua comunidade.

Mas, repito, essa é uma das razões: a outra é porque o texto que originou aquela minha postagem voltou a circular, e então, “peguei o gancho” para convidar meus Leitores a refletir sobre essa verdade: se fecharmos os olhos para a realidade e silenciarmos diante de injustiças, contribuiremos para a alienação da nossa própria humanidade. Passaremos então a ser cúmplices do que condenamos.

Agora, à história:

“No primeiro dia de aula, o professor de ‘Introdução ao Estudo do Direito’ entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila: 
Qual é o seu nome?
– Chamo-me Nelson, Senhor.
Gritando, o Professor disse:

– Saia de minha aula e não volte nunca mais!
Nelson ficou desconcertado e, quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.
Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada. 
O austero professor continuou:
– Agora sim! – vamos começar.
Para que servem as leis?
Os alunos seguiam intimidados, mas pouco a pouco começaram a responder:  
– Para que haja uma ordem em nossa sociedade.  
– Não! – respondeu o professor. 
Para cumpri-las. 
– Não!
– Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
– Não!
E o Professor insistiu:
– Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?! 
– Para que haja justiça – falou timidamente uma garota.
– Até que enfim! – disse o Mestre. – É isso, para que haja justiça.
E ele continuou a inquirir a plateia, mostrando impaciência:
– E agora, me digam: para que serve a justiça?
 
Todos começaram a ficar incomodados pela grosseria, porém seguiram respondendo: 
– Para salvaguardar os direitos humanos…
– Bem, que mais? – perguntou o professor. 
– Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem…
E sem mudar o tom, voltou a questionar:
– Ok, não está mal, porém respondam a esta pergunta:
– agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?
Todos ficaram calados. Ninguém teve coragem de responder.
E ele gritou, sem dar trégua:
– Quero uma resposta decidida e unânime!
Dessa vez os estudantes responderam de imediato: 
– Não! –
falaram todos a uma só voz. 
– Poderíamos dizer que cometi uma injustiça?
– Sim!
Após uns poucos segundos, o Professor voltou a falar:
– E porque ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
E terminou:
– Agora vou buscar o Nelson. Afinal, ele que é o Professor, eu sou aluno de outro período”.

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