O título de minha coluna de hoje poderia ser também “Quando a Omissão Vira Alienação“.
Explico: tempos atrás publiquei no meu Blog texto que convidava à reflexão sobre o fato de que muitas vezes, talvez pelo ritmo frenético da vida, nos defrontamos com situações que chocam nossa ética e senso de justiça, e por comodismo ou medo optamos pelo silêncio.
Lembrei da postagem por duas razões: a primeira porque me entristece perceber a posição de pessoas que sempre considerei sensatas e justas frente ao que está acontecendo na guerra Israel X Hamas. Não me coloco ao lado dos que logo classificam todos como antissemitas, ainda que alguns até possam ser, mas o que realmente me aborrece é a completa omissão à barbárie de 7/10, como se ação militar israelense estivesse desvinculada de qualquer outro acontecimento. Essas pessoas, aliás, aparentam desconhecer que a história recente dos Judeus é fortemente marcada pela lembrança do Holocausto e por preocupações com a segurança e o respeito à sua comunidade.
Mas, repito, essa é uma das razões: a outra é porque o texto que originou aquela minha postagem voltou a circular, e então, “peguei o gancho” para convidar meus Leitores a refletir sobre essa verdade: se fecharmos os olhos para a realidade e silenciarmos diante de injustiças, contribuiremos para a alienação da nossa própria humanidade. Passaremos então a ser cúmplices do que condenamos.
Agora, à história:
Gritando, o Professor disse:
– Saia de minha aula e não volte nunca mais!
Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
– Agora sim! – vamos começar.
– Para que servem as leis?
– Não!
– Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
– Até que enfim! – disse o Mestre. – É isso, para que haja justiça.
– E agora, me digam: para que serve a justiça?
E sem mudar o tom, voltou a questionar:
– Ok, não está mal, porém respondam a esta pergunta: – agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?
Todos ficaram calados. Ninguém teve coragem de responder.
E ele gritou, sem dar trégua:
– Quero uma resposta decidida e unânime!
– Não! – falaram todos a uma só voz.
– Sim!
E terminou:
– Agora vou buscar o Nelson. Afinal, ele que é o Professor, eu sou aluno de outro período”.