Samuel e Leon eram antiquários concorrentes e trabalhavam no ramo há décadas.
As lojas de ambos ficavam uma em frente da outra.
Samuel odiava Leon. Dizia para quem quisesse ouvir que o concorrente era ladrão, mentiroso, ignorante e que não sabia nada sobre antiguidades.
A inimizade entre eles começou por problemas comerciais e Leon pensava e dizia exatamente o mesmo do vizinho.
Um dia Leon precisou sair por alguns minutos e deixou a loja aberta.
Samuel viu o adversário saindo e aproveitou para atravessar a rua e roubar uma velha lâmpada de metal que estava na vitrine do inimigo há muito tempo.
De volta a sua própria loja, Samuel não resistiu e esfregou a lâmpada.
Naturalmente um gênio apareceu e foi logo dizendo:
– “Samuel, você me libertou de mil anos de confinamento e vou te conceder um desejo. Pode pedir o que quiser: dinheiro, fama, poder, tudo. Mas veja bem: como a lâmpada pertence ao Leon, o que você pedir ele receberá em dobro”.
Aquilo deixou Samuel transtornado.
O ódio que sentia pelo outro era tão intenso que ele não podia se conformar com o fato de que ao conseguir algo para si próprio ajudaria o inimigo.
Depois de pensar um pouco, ele disse:
– “Você quer dizer que se eu pedir um milhão de dólares aquele cretino ganhará dois milhões?”
– “É isso mesmo” – respondeu o gênio – “e se você pedir uma casa nova ele receberá duas”.
Após refletir novamente Samuel voltou a falar com o gênio:
– “Já sei o que eu quero”.
– “Qual é o teu desejo?” – perguntou o gênio.
E Samuel disse:
– “Eu quero estar meio morto”.
2 thoughts on “Samuel e Leon, Inimigos de Estimação”
Muito boa!
Bem característico do humor judaico.