Te Cuida, Crivella!

Recebi o texto abaixo de diversos amigos, esta semana.

Pelo teor achei que havia sido escrito recentemente mas fazendo a pesquisa de costume vi que foi publicado ano passado, logo após o 2° turno das eleições.

O autor é um publicitário carioca que mora em São Paulo, chamado Raphael Pavan. É muito bom, porque ao reconhecido humor carioca junta a constatação da triste realidade do Rio de Janeiro:

“Te Cuida, Crivella!

Raphael Pavan

Meu irmão, aqui é o Rio de Janeiro. Tu sabe o que a gente já aguentou?

Já sobrevivemos ao Garotinho, Rosinha, Cesar Maia, Conde, Dudu Paes.

Se rolar um apocalipse nuclear, só sobra barata e carioca.

O mate da praia não mata, faz da gente mais forte.

Aguentamos as piores tragédias do mundo e a pizza da Pizzaria Guanabara. Ser carioca é resistir. Duvida, parceiro?

Inventaram que a capital era Brasília. Inventaram que o carnaval de Salvador é melhor.

Inventaram um metrô que são duas linhas retas. Inventaram até a Barra da Tijuca.

Depois ainda meteram uma estátua da liberdade lá pra esculaxar. E a gente ainda tá aqui.

No Rio taxista escolhe corrida e o garçom tem sempre razão. Você não faz pedido, pede favor. Sabe por quê? Porque a gente aguenta.

Só de sacanagem chamam o feijão mais sem gosto que tem de carioquinha, no diminuitivo mermo que é pra humilhar bem.

A gente aguenta o preço do TT Burguer e o do chopp do Belmonte. Aguenta paulista usando camisa escrito Arpex e até quem fala top.

Aguenta quando cai o Fluminense, o Vasco, o Botafogo, o Fluminense. Já falei que o Fluminense caiu? Aguenta gol do Cabañas, derrota em “mundial” pro Corinthians, eliminação pro São Caetano. Final de Copa no Maraca com a Argentina lá e a gente não.

Sobrevivemos ao show dos Rolling Stones na praia de Copacabana, night na Bunker, banho de espuma no Scala. É muita matinê na Meli Melo nas costas pra pipocar pra pastor.

Sobrevivemos à tequila de ambulante na Lapa. Pré com gegibrin no Bar da Cachaça. Sacolé de catuaba no Céu na Terra. Se o drink azul da Mariuzinn não matou a gente, nada vai.

Fecharam o Ballroom, a Help, Casa Rosa, Canecão. E olha quem continua vivão aqui.

Sobrevivemos à simpatia da Bombom na fila da Baronetti. Sufoco na Fosfobox. Via Show com Skol a um centavo. Furacão 2000 no Barra Music. Quem aguenta 12 horas de Boi Tolo cortejando e ainda emenda no Amigos da Onça não treme.

Se liga em tudo que a gente já passou, cupadi.

Quatro anos de IURD na prefeitura não é nada pra nós.

O Rio não é mesmo pra amadores, é pra quem ama o Rio.

Crivella, a gente vai te comer com farofa.”

 

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *