Três na Quarta de Humor Judaico

A Pílula Para Dormir da Bobe (¹) Freda
O Dr. Meyers, já um homem de idade, vinha cuidando da senhora Freda há décadas. Mas, como tudo na vida, chegou a hora da aposentadoria.
— Vou deixá-la em boas mãos — garantiu ele — com a Dra. Faith, recém-formada, cheia de diplomas e bem novinha, com cara de quem ainda mora com os pais.
Logo que começou a atender os pacientes a nova doutora marcou uma consulta para Freda e pediu que ela levasse a lista completa dos remédios. E lá foi nossa Bobe, pontual como sempre. Dra. Faith começou a ler os nomes e, de repente, arregalou os olhos:
— Dona Freda, a senhora sabe que isso aqui é uma receita de pílula anticoncepcional?
— Sei, sim, doutora — 
ela respondeu, tranquila —, é que isso me ajuda a dormir à noite.
— Mas… Dona Freda, não tem nada nessas pílulas que provoque sono!
disse a médica.
Com um sorrisinho, Freda se inclinou, deu um tapinha no joelho dela e explicou:
— Eu sei, minha filha. Mas todas as manhãs, bem cedo, eu esmago uma dessas pílulas e misturo no suco de laranja da minha neta Suzy, de 16 anos. Acredite: isso me faz dormir muito bem…
(¹) Bobe, em iídiche, é uma expressão carinhosa para ‘avó’.

O Judeu no Confessionário
Um senhor judeu, já de certa idade, entrou apressado em uma igreja e foi diretamente ao confessionário:
— Padre, eu pequei. O senhor não vai acreditar! Eu estava andando ali na rua principal e, de repente, uma jovem lindíssima me fez um sinal para que a acompanhasse. Sabe, eu sou viúvo… pensei que não teria nada a perder. Entramos num daqueles hotéis com quartos para encontros amorosos. Não sei nem como explicar — ela me tirou toda a roupa e fizemos amor como loucos! Eu não tinha contato com uma mulher há quinze anos, desde que minha Mildred morreu. Foi uma coisa maluca, mesmo. Depois de algum tempo, ela me pediu que esperasse um pouco, saiu… e voltou com a irmã gêmea, pode acreditar? Fiquei com as duas naquele quarto de hotel durante três dias!
A essa altura, o padre, escandalizado com o relato, interrompeu a confissão:
— Eu entendo que agora o senhor esteja se sentindo culpado, bateu o remorso, e isso o fez vir até aqui…
O homem o interrompeu:
— Nada disso! Eu não estou arrependido!
— Mas… não estou lhe reconhecendo. Nem sei se é da minha congregação — disse o padre, intrigado — e, por favor, não me leve a mal, mas seu sotaque me faz pensar que talvez… nem seja da minha fé…
Imediatamente o homem respondeu:
— O senhor está certo. Eu sou judeu!
— E por que veio aqui me contar isso?
— perguntou o religioso, confuso.
Sem nenhuma preocupação em esconder a alegria, o judeu gritou:
— Eu estou contando pra todo mundo!


Hashem (²) e o Relâmpago
Esther olhou pela janela e viu nuvens carregadas se formando no céu da tarde. Preocupou-se com sua filha Rachel, de apenas oito anos, que estaria voltando da escola, caminhando sozinha os três quarteirões até em casa.
Sem pensar duas vezes, Esther saiu para encontrá-la. Lá estava Rachel, andando despreocupada pela calçada, pisando em todas as poças d’água, claro, e — coisa mais curiosa — parava de vez em quando para sorrir, toda contente, sempre que um relâmpago cruzava o céu.
Quando viu a mãe, correu até ela e disse, radiante:
— Mamãe, o caminho todo o Hashem ficou tirando foto minha!
(²) Hashem, em hebraico, significa “O Nome” e é uma forma respeitosa de se referir a D’us no judaísmo, uma vez que seu verdadeiro nome é considerado sagrado demais para ser pronunciado.

 

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *