Chave Errada, Mulher Certa
Ao sair de uma reunião na sinagoga, Moishe começou desesperadamente a se apalpar como se ele mesmo fosse um agente da Polícia Federal revistando alguém. Estava procurando a chave do carro. Não estavam nos bolsos. Uma busca rápida na sala de reuniões não revelou nada. De repente, ele se deu conta: devia tê-la deixado no próprio carro.
Em pânico, correu para o estacionamento. A esposa, Miriam, já o havia repreendido muitas vezes por deixar as chaves na ignição, mas sua teoria era que aquele era o melhor lugar para não perdê-las. A dela era que, assim, o carro seria roubado.
Quando Moishe atravessou as portas da sinagoga, chegou a uma conclusão aterradora: Miriam estava certa. O estacionamento estava vazio. Imediatamente, ele ligou para a polícia, informou sua localização e confessou que havia deixado as chaves no carro e que o veículo fora roubado.
Depois, fez a ligação mais difícil de todas:
— Querida… — gaguejou. Ele sempre a chamava de “querida” em momentos como esse. — Deixei as chaves no carro… e ele foi roubado.
Houve um silêncio. Moishe achou que a ligação tinha caído, mas então ouviu a voz de Miriam:
— Moishe! — ela disparou. — Fui eu quem te deixou aí!
Agora foi ele quem ficou em silêncio. Envergonhado, disse:
— Bem… vem me buscar, então.
E Miriam retrucou:
— Eu vou, assim que convencer esse policial de que sou tua mulher — e não a ladra do teu carro!
Opa, Foi Só Um Pequeno Atraso
Judith conheceu Isaac em um baile, e os dois pareceram se dar muito bem — tão bem que combinaram de sair para jantar na noite seguinte. Isaac disse que iria buscá-la em sua casa às 20h.
Na noite combinada, ela dedicou um bom tempo para se arrumar, esperançosa de que aquele pudesse ser o início de um novo romance. Finalmente pronta, foi até o espelho e se observou: o que viu foi uma mulher de meia-idade, atraente, sensual, bem maquiada, usando um vestido de noite elegante e decotado, sapatos de cetim combinando, além do colar de pérolas vintage e os brincos que ganhou de sua bobe (avó).
Satisfeita com o visual, sentou-se para esperar por Isaac, mas começou a se decepcionar quando o relógio marcou 20h e não havia sinal dele. Continuou esperando, cheia de esperança, mas Isaac não apareceu. Às 21h30, desistiu. Chorando, subiu correndo para o banheiro e tirou a maquiagem de qualquer jeito, borrando o batom pelo rosto — mas não se importou. Foi até o quarto, tirou o lindo vestido e vestiu um roupão. Por fim, calçou os chinelos e desceu para ver televisão.
Assim que se sentou, a campainha tocou. Quando Judith abriu a porta, lá estava Isaac com um buquê de flores na mão. Ele a olhou com expressão preocupada e disse:
— Judith, o que está acontecendo? Estou quase duas horas atrasado… e você ainda não está pronta?!
Pepinos, Cebolas e Confusões Auditivas
Ruth, Hetty e Naomi — todas com mais de 80 anos — estavam sentadas juntas na varanda da casa de repouso, relembrando os bons tempos, quando Ruth disse:
— Eu me lembro de quando conseguia comprar pepinos grandes e bonitos na mercearia por, no máximo, vinte e cinco centavos cada. Eram enormes — ela mostrou com as mãos o comprimento e a grossura —. Nada a ver com esses pepininhos de hoje em dia.
Hetty então comentou:
— Pois eu me lembro das cebolas gigantes que comprava por apenas dez centavos cada. Toda semana, levava duas — ela também mostrou com as mãos o tamanho das cebolas —, para fazer o caldo de galinha.
Naomi, que estava sentada um pouco mais distante e cuja audição já não era boa, disse:
— Eu não ouvi uma palavra do que vocês disseram, mas lembro muito bem do cara de quem estão falando.