Curitiba, a minha cidade, não tinha nenhuma unidade da rede Starbucks até 2 meses atrás. Recentemente foi aberta a 1ª, e em seguida outras 3. Pensando nisso lembrei de um ótimo texto que compartilhei há algum tempo e que merece ser republicado.
Ele é atribuído a Gustavo Sarkis. Existem algumas pessoas com esse nome no Facebook, sendo um deles um profissional de publicidade (de muito exito, aliás) radicado nos EUA, mas não consegui confirmar a autoria.
Feita a ressalva, repasso:
“Os americanos recebem muito bem o turista.
Eles não são mal humorados como os franceses nem impacientes como os espanhóis. Se você perguntar onde fica o Empire State Building a um novaiorquino, ele te mostra numa boa. Se você perguntar onde fica o Venice Beach Park a um californiano, ele até desce do skate pra te explicar.
Mas tem um lugar nos Estados Unidos onde paciência não é a maior virtude das pessoas. Ali, tudo tem que andar rápido e sincronizado. Não vacile, não titubeie, senão você perde todo o respeito.
Esse lugar é a fila da Starbucks.
Entre, faça seu pedido, receba seu café e saia. Todos ali já chegam decididos e apressados como se estivessem numa linha de produção que não pode parar:
– One caramel macchiato, no cream, no sugar.
– One skinny mocha, lots of whipped cream.
– One salted caramel mocha, no sugar.
– Double espresso no milk and a cinnamon muffin on the side.
A próxima na fila é uma turista, mapa numa mão, câmera na outra. Para, olha o imenso cardápio na parede e fala :
– Ééée…
A caixa respira fundo e olha para cima. As pessoas atrás pisam forte. Um cliente pega o celular e já pensa em ligar 911.
Parar a fila da Starbucks às oito da manhã é como jogar uma barra de ferro nas engrenagens da economia dos Estados Unidos. Milhões de pessoas esperando para pegar o seu café e correr para o escritório para fazer o PIB crescer, estão impedidos por um incidente internacional diplomático turístico.
Eu que estava na fila, um pouco mais atrás , percebi pelo “ééé” que ela era brasileira. Entrei na conversa e me ofereci:
– Posso te ajudar a escolher?
– Ah, brigada, eu queria uma média com manteiga e um pingado.
Minha expressão de salvador da pátria se desmanchou na hora. Enquanto todos olhavam para mim esperando uma tradução, eu me vi perdido em reminiscências: fui parar numa esquina em Copacabana, comendo uma média com manteiga, tomando um cafezinho pingado, um pão de queijo, bolo de fubá e tudo aquilo que a gente come com aquela calma de quem não precisa salvar o universo do Armagedom.
Tem coisas que, por mais que você tente, não tem tradução para o inglês, assim como a palavra saudade. Uma mão me puxou oito mil quilômetros de volta para os Estados Unidos. Era a caixa, ansiosa, pressionada por um impaciente PIB de dezesseis trilhões de dólares, querendo saber o que a moça queria.
Prontamente virei pra caixa e respondi:
– Éééé…
No fim da fila, um sujeito discou 911.“
Gustavo Sarkis