Já ouviu falar em um homem feliz? Esse era Benjamin Abramovitz após o casamento da filha única!
Para falar a verdade, ele tinha uma certa preocupação, porque apesar de o genro ser um homem bem-apessoado, de ótima educação e demonstrar muito amor pela filha, não parecia ser, digamos, muito afeito ao trabalho. Mas, reconhecia, a filha já não era tão moça, nenhum namoro tinha avançado muito, os pretendentes eram escassos e ele e a esposa, Martha, haviam concordado que já não dava para esperar.
Assim que os noivos voltaram da lua de mel ele achou que era tempo de terem uma conversa; ele e a esposa chamaram o novo casal para um jantar, e ao final Abramovitz disse ao genro:
– “Olha, a Martha e eu estamos muito felizes em ter você na família e decidimos que para consolidar a união você terá a metade de todos os nossos bens; durante o namoro você já tomou conhecimento de tudo o que temos; vocês ganharam o apartamento, já esteve conosco na casa da praia, conheceu a fábrica, sabe quais são as propriedades, os veículos, tudo, enfim”.
A filha ficou radiante. Os pais não haviam antecipado nada mas ela sabia que aquilo garantiria o futuro deles e dos filhos que viessem.
Benjamin continuou:
– “Amanhã, então, você vai comigo para a fábrica”.
O rapaz não escondeu o desagrado e após alguns instantes respondeu:
– “Olha, eu não sou muito dessas coisas; a fábrica é barulhenta, muita gente trabalhando, aqueles cheiros… E o senhor sabe que as máquinas também podem ser perigosas… Mesmo reconhecendo sua generosidade, acho que não sirvo para isso…”
O sogro não esperava essa reação e não sabia o que dizer diante daquilo, mas logo se recuperou e disse:
– “Bom, nesse caso você pode começar pela administração, vai ficar no escritório, receber os pedidos e acompanhar as entregas, cuidar dos serviços bancários, essas coisas, e depois quem sabe…”
Nesse momento a filha acenou concordando, parecendo feliz com o acerto, mas o jovem voltou a se manifestar:
– “Olha, sogro, eu gosto mais de estar ao ar livre, na natureza, respirar ar puro, andar por aí…”
Diante daquilo Benjamin emudeceu por alguns segundos, olhou para a esposa e a filha como que procurando apoio, até que achou ânimo para dizer:
– “Olha, eu não sei o que dizer. Eu tinha esperança de que os negócios ficassem com a família, mas parece que para você nada serve; não quer trabalhar na fábrica e nem no escritório, só quer saber de vida boa… O que eu posso fazer com você?”
Infelizmente para Benjamin as más notícias ainda não tinham acabado. Atônito ele ainda teve que ouvir:
– “O senhor não poderia me indenizar?”