Caiu no Chão e Pegou Antes de 5 Segundos? Não Adianta!

Sabe aquela história de que a comida que caiu no chão e você pegou antes de 5 segundos está limpa?

É mentira.

Claro que isso é uma brincadeira, uma frase que a gente repete desde criança e que não pode ser levada a sério, até porque isso acontece em todo tipo de lugar e, convenhamos, mesmo em nossa casa existem lugares onde o chão pode estar mais ou menos limpo. 

Para desmistificar isso, leia matéria publicada no portal espanhol Maldita Ciência:   

POR QUE A REGRA DOS CINCO SEGUNDOS QUANDO A COMIDA CAI NO CHÃO É UM MITO

Publicado domingo, 10 janeiro 2021

Você pergunta o que há de verdade na regra dos cinco segundos, segundo a qual, se o alimento cair e ficar em contato com o solo por menos de cinco segundos, pode ser ingerido com segurança porque as bactérias demoram mais tempo para se transferir de uma superfície para Comida.

É um mito.

A afirmação de Beatriz Robles, nutricionista e autora do livro Eat safe eating everything (2020):
– “O tempo é apenas um dos fatores que afetam a passagem dos microrganismos da superfície para os alimentos. A contaminação pode ser instantânea, o que desmonta a teoria dos cinco segundos, como pode ser visto em estudo publicado na Applied and Environmental Microbiology”, indica.

Alma Palau, presidente do Conselho Geral das Associações Oficiais de Nutricionistas e Nutrólogos, concorda com ela, ao definir as regras de três ou cinco segundos como “sabedoria popular que deve ser banida”.
“O contato, se houver bactéria, contamina imediatamente, independente de o tempo transcorrido ser de três, cinco ou sete segundos”, acrescenta.

Em outro estudo citado pelo nutricionista e nutrólogo Daniel Ursúa, diferentes superfícies foram contaminadas com salmonela e verificaram se cinco segundos era tempo suficiente para que dois alimentos (pão e salsicha) se contaminassem.

O resultado foi SIM.
– “É lógico pensar que o fator determinante é a carga microbiana da superfície e não o tempo de contato com ela”, disse Ursúa à Maldita Ciência.

Existem diversos fatores que influenciam o que acontece quando a comida cai no chão, como, p.ex., o tipo de comida. A nutricionista-nutróloga Elisa Escorihuela explica à Maldita Ciência:
– “A mesma transferência de microrganismos não ocorre em um biscoito, que é um alimento com baixo teor de água, como em um pedaço de pera, um alimento com maior teor de água e que é um excelente terreno fértil para micro-organismos”.

Também indica que o tempo e o tipo de superfície serão decisivos.
– “Superfícies mais lisas (como ladrilhos) transferem um número maior de micro-organismos do que superfícies mais ásperas como carpetes”, acrescenta.

E, finalmente, você tem que levar em conta o meio ambiente. Segundo Escorihuela, pisos de cozinhas e banheiros tendem a conter mais micro-organismos patogênicos do que pisos expostos aos elementos. Robles comenta que na cozinha pode haver micro-organismos que trazemos da rua com nossos sapatos, por exemplo, de fezes e urina de animais.

Então, quando você pode comer algo que caiu no chão? Robles afirma que quando pode ser lavado.
– “Do contrário, o destino é o lixo”, diz ele.

E dá o seguinte exemplo:
– “Se você deixar cair uma fruta ou se a fruta crua escorrer e acabar no chão, você pode comê-la se lavar primeiro. Mas se deixar cair a torrada ou a bandeja de cordeiro assado, não pode aproveitar”.

Por sua vez, Palau recomenda não consumir nenhum alimento que tenha caído no solo:
– “As bactérias coliformes, que podem provir de fezes de animais, não são eliminadas com água e são altamente poluentes”.

E o que pode acontecer conosco se comermos algo que caiu no chão?

O risco de comer o alimento dependerá das características individuais de quem o ingere, do tipo de micro-organismo, do alimento, do tempo de contato ou da natureza da superfície.

Segundo Robles, pode variar de intoxicação alimentar moderada, como a salmonelose, à grave, como a produzida pela E. coli (bactéria que pode causar vômitos, fortes cólicas abdominais, diarreia aquosa ou com sangue, fadiga e febre).

Para acessar a matéria no site, em espanhol, clique aqui.

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