Gosta de Cachorros? Aí Vêm Emoção!
Quem gosta de animais e tem — ou já teve — cães adotados após abandono vai entender o texto a seguir.
Aqui em casa, estamos no quarto — aliás, na quarta. É a Banga, um nome que seria uma espécie de redução fonética (rsrs) de Banguela, nome com o qual a batizamos porque lhe faltam alguns dentes, segundo o veterinário, perdidos na rua pela mastigação de pedras. Pode isso? Ela é “o meu grude”: apegou-se a mim (e eu a ela) a ponto de parecer minha sombra.
E temos também uma gata, a Teresinha, mas foi ela quem nos escolheu: quando tínhamos o restaurante Família Sfiha, ela, ainda filhote, entrou no escritório, sentou-se numa poltrona e, de lá, veio para nossa casa — isso faz mais de 12 anos.
Voltando ao texto: ele é atribuído a Marcos Oliveira Filgueiras, conhecido como Marquinhos Protetor Andradina, e o publiquei em meu blog há mais de sete anos. Na ocasião, procurei checar a autoria e fiz isso novamente agora, sem sucesso.
Como disse: quem gosta de cães certamente se emocionará.
“Quando eu desisti de mim, deitei naquele cantinho e esperei a morte chegar.
Mas antes de desistir de mim, eu tentei.
Eu corri na tia do churrasquinho, pedi um pedacinho. Tomei uma vassourada.
Antes de desistir de mim, eu tentei deitar na entrada da farmácia, porque já havia andado muito no calor e queria descansar.
Antes de desistir de mim, vi uma moça igualzinha à minha ex-dona e fiz festa pra ela. Levei um chute.
Antes de desistir de mim, achei que tinha feito amigos humanos, mas eles me espancaram.
Antes de desistir de mim, eu tentei pedir socorro na padaria, onde girava um lindo frango assado e meu estômago roncava. Mas fui enxotado.
Antes de desistir de mim, eu tentei parecer visível aos transeuntes, mas eles não me viram.
Então, cansado, ferido psicológica e fisicamente e com muita fome, eu desisti. Deitei aqui nesse cantinho. Rosnei pra alguns humanos porque tô cansado de sentir dor. Eu tenho medo. Quero partir logo.
Mas aí, você chegou.
Ignorou meus rosnados. Entendeu minha dor, respeitou meu espaço. Assim, assim, né. Não sabia pra onde me levar e nem com que dinheiro ia me ajudar. Mostrei os dentes e você disse com voz de bebê: “tá tudo bem agora!”
Pra mim, não! Eu cansei! Eu não quero mais lutar.
Mas você? Você me deu banho, enfiou remédio goela abaixo, me deu injeção e ficou acordado comigo. Você me alimentou na seringa, me beijou e me fez pensar que, de repente, eu poderia mudar de ideia.
Você chegou — e não partiu.
Me resgatou das ruas e de mim. E me deu uma oportunidade de ser feliz.
Aliás, você lutou por mim mais do que eu mesmo.
O QUE VOCÊ VIU EM MIM?
Que olhos são esses que veem o que a humanidade ignora?
Como agradecer? Só encontro uma opção: orar a D’us pra que você tenha saúde e coragem para proporcionar a outros animais aquilo que me proporcionou: vida.
Desejo que não se culpe se não der tempo.
Desejo que não se culpe se fizer uma escolha errada.
Sabemos que até seus erros são tentativas de acertos.
Seremos gratos assim mesmo.
Você tem olhos de D’us. Obrigado por me enxergar.”
Então… não é exatamente como eu falei?
p.s.: a Banga tem heterocromia — um fenômeno genético raro que faz com que cada olho tenha uma cor diferente. Não afeta a visão, mas dá um charme especial!