Iankel Fingerman era o contador de uma grande empresa de propriedade de uma família muito rica e influente na comunidade judaica da Argentina.
Solteirão, acostumado a viver recluso e sem nenhuma vida social, inexplicavelmente foi convidado pelo seu patrão para o Bar-Mitzvá (¹) do seu filho, uma festa elegantíssima que seria realizada nos salões do Hotel Faena de Puerto Madero, em Buenos Aires.
Chegado o dia da festa, Iankel, enfiado em seu único terno já meio roído pelo tempo, deslocado e sem conhecer ninguém, foi colocado pela recepcionista em uma mesa onde já estava um casal.
O marido era um senhor muito elegante, vestido com um terno Armani e uma preciosa kipá (²), bordada em fios de ouro, que lhe cumprimentou formalmente; a esposa era uma mulher linda, enfiada em um esplêndido vestido que não deixava muito à imaginação e que, após lhe lançar um olhar de desdém, não lhe dirigiu a palavra.
A festa decorria normalmente, com muita comida sendo servida enquanto a orquestra tocava, até o momento em que colocaram na frente de Iankel um prato de salmão, ao qual era alérgico.
Imediatamente ele começou a sentir um comichão insuportável no nariz e uma vontade enorme de espirrar, que segurou enquanto conseguiu, até que não aguentou mais: curvando-se sobre a mesa, soltou um enorme espirro.
Horrorizado, notou um longo fio de mucosidade esverdeada que saia de sua narina e descia para a gravata. Tentando evitar isso, deitou-se para trás e aspirou a sujeira, o que imediatamente lhe provocou náuseas. Como resultado, mesmo tapando a boca com o guardanapo não teve como não vomitar em cima do prato. Aflito com tudo o que estava acontecendo, como suprema desgraça essa última manobra fez com que escapasse um peido, cuja sonoridade foi bem ouvida pelos demais ocupantes da mesa.
Quando conseguiu se repor, vermelho como um tomate, virou para o lado em que estava o cavalheiro, que sem se abalar, olhou atentamente para ele, e perguntou:
– “Com as orelhas você não sabe fazer nada?”
(¹) “Bar-Mitzvá” é a solenidade que marca a iniciação religiosa dos meninos judeus, realizada aos 13 anos.
(²) “Kipá” é a palavra hebraica que designa o “solidéu”, o pequeno gorro que os judeus usam como sinal de respeito e reverência ao rezar e ao entrar em lugares específicos, como a Sinagoga e o Cemitério. Também é usado em festas. Os religiosos o usam permanentemente.
Gosta do Humor Judaico?
Se você gostou da publicação, compartilhe o link clicando nos ícones abaixo. NÃO COPIE E COLE. Com isso você valorizará meu trabalho de pesquisa, tradução e adaptação do melhor do Humor Judaico.