Um dia, Dª Ethel, uma senhora bem idosa, se aproximou do Rabino após o final da Havdálah(¹) e disse:
– “Rabino, estou com um problema. Tenho duas papagaias falantes, elas são ótimas, me fazem muita companhia depois que meu marido morreu, mas elas só sabem falar uma coisa”.
– “O que elas dizem?” – quis saber o Rabino.
Foi uma constrangida Dª Ethel que respondeu:
– “Olha, Rabino, eu fico até envergonhada em contar… O Senhor sabe que o falecido viajava pelo interior, eu até posso imaginar de onde elas vieram, mas a verdade é que só sabem dizer: ‘Oi, somos prostitutas, quer se divertir’?'” – e completou: – “Eu nem posso colocá-las na janela para tomar sol porque insistem em perguntar a mesma coisa à todos os que passam…”
Entre surpreso e risonho o Rabino a tranquilizou:
– “Não se preocupe, eu tenho a solução para o seu problema. Leve-as até minha casa amanhã e eu as colocarei com meus dois papagaios que ensinei a orar em hebraico. Eles rezam tanto que depois de algum tempo as farão parar de dizer aquela frase terrível. Tenho certeza de que suas papagaios fêmeas aprenderão a rezar!”
A senhora, é claro, agradeceu, feliz, assegurando que faria aquilo.
No dia seguinte bem cedo Dª Ethel levou as papagaias fêmeas para a casa do Rabino. Ela notou que os dois papagaios machos estavam usando pequenos “yarmulkes”(²) enquanto rezavam na grande gaiola.
Dª Ethel imediatamente colocou as duas fêmeas com os papagaios machos e imediatamente elas disseram:
– “Oi, somos prostitutas, querem se divertir?”
Nesse instante um dos papagaios machos olhou para o outro e exclamou:
– “Maravilha! Nossas orações foram atendidas!”
(¹) Havdalá é a cerimônia religiosa judaica, que marca o final do Shabbat, iniciando uma nova semana.
(²) “Yarmulke” é a palavra em iídiche para “solidéu”, o pequeno gorro que os judeus usam como sinal de respeito e reverência ao rezar e ao entrar em lugares específicos, como a Sinagoga e o Cemitério. Os religiosos o usam permanentemente. Em hebraico é chamado de ‘Kipá’.