Meu avô Salomão Guelmann chegou em Curitiba em 1913. Era Ucraniano e, assim como acontecia com a maioria dos judeus, não teve acesso à educação formal, condição que acabou por forçar sua saída em busca de uma vida melhor.
Sempre bem-humorado, quando indagado sobre o que fazia, se dizia um “Stolyar” (*) palavra em ucraniano para Marceneiro, sua profissão. Era, no entanto, um homem inteligentíssimo, capaz de antecipar tendências e aproveitar oportunidades como poucas pessoas.
Aqui ele prosperou, construiu uma bela família, uma história de ativismo social e de empreendedorismo e deixou amizades que passaram de avós para netos. Em um mundo onde essas coisas nem sempre são valorizadas, quando isso acontece é motivo para celebração.
A minha amizade com o Fernando Ghignone é uma dessas. Seu avô materno, Arthur Euclides de Moura, foi o principal colaborador do meu. Não há na família quem não reconheça que o sucesso do nosso avô deveu-se à atuação constante do “seu” Moura na supervisão dos negócios. Emigrante que nada entendia das leis e das particularidades do comércio, só mesmo o apoio de um profissional competente, dedicado e honesto podia garantir a segurança que ele precisava para a continuidade das atividades.
Comecei a trabalhar na Indústria de Móveis Guelmann aos 17 anos e me acostumei à presença dele, não apenas naquele ambiente: o “seu” Moura e de Dª Carmela eram presenças constantes nas festas da família. São lembranças que aquecem o coração e que guardamos para sempre.
O tempo nos afastou, o Fernando e eu trilhamos caminhos diferentes, mas a amizade, respeito e consideração manteve-se intacta, sobrevivendo às lides políticas que eventualmente nos colocavam em trincheiras opostas.
Eis que agora ele decidiu lançar o HojePR, o mais novo portal de notícias da cidade, e, num gesto que confunde gentileza e temeridade, me ofereceu a oportunidade de estar junto a notáveis jornalistas e escritores, colaborando com uma coluna semanal.
“Cáspite” – foi a expressão que me ocorreu. Eu não escrevo, eu sou um “Stolyar” de palavras que tenta juntá-las em textos, longe da facilidade com que o Salomão colava pedaços de madeira e os transformava em belas peças de mobiliário.
Na Editoria do HojePR está outro amigo, o André Joppert Lopes, velho companheiro de campanhas políticas, o que me assegura a companhia de gente tão boa que quase chega a me fazer esquecer o temor de não corresponder às expectativas.
É isso. Minhas primeiras colaborações já foram publicadas e o link da última você encontrará aqui mesmo, no final da postagem.
Minha coluna sairá todas as 2ªs feiras. Te convido a adicionar o endereço do HojePR em teus favoritos e acessá-lo diariamente.
https://hojepr.com/10611/poema-certo-pandemia-errada/
R. 24 de Maio, 44 – Curitiba, década de 1990.
Foi por muitos anos local de trabalho e residência da família Guelmann.
Meu pai, Isaac Guelmann, nasceu ali.
4 thoughts on “O Столяр (*) Salomão Guelmann e a Amizade Que Deixou Para o Neto”
Gerson, que linda história essa, passada de avós para netos com a intacta valorização da amizade, da lealdade e do trabalho constante que, eles sabiam, iriam trazer prosperidade e confiança nos verdadeiros valores . E assim foi.
Obrigado, querida amiga. Tuas palavras me emocionaram…
O relato faz parte da história de nossa cidade. Pena que as lojas tradicionais não existem mais, Móveis Guelmann, Móveis Cimo, Hermes Macedo, Prosdócimo e tantas outras que nos deixaram belas lembranças. Parabéns Gerson por nos fazer recordar esses bons tempos.
Gostei muito , vamos participar dessa iniciativa.