Um Bar-Mitzvá Quase Exclusivo

Eliezer Leiberman, um judeu nova-iorquino, pequeno empresário do ramo de confecções, depois de muitos anos de luta e dificuldades financeiras, foi bafejado pela sorte e ganhou uma grande soma de dinheiro ao vender sua fábrica para um conglomerado multinacional.

Seu filho caçula estava completando 13 anos e tanto ele como a esposa acharam que era o momento de fazer uma festa de Bar-Mitzvá que estivesse de acordo com sua nova posição na vida. Decisão tomada, ligaram para a empresa de bufê mais sofisticada de Long Island e pediram a visita do que eles chamavam de “Consultor Gratuita de Planejamento de Eventos”.

No dia marcado, o Consultor chegou à nova casa palaciana de Eliezer e começou a descrever uma série de opções possíveis. A cada sugestão, Eliezer e a esposa davam de ombros e perguntavam:
– “Mas você não pode inventar algo mais incomum para nosso pequeno Marcos? Queremos  uma festa que nunca tenha sido feita”.

Depois de várias ofertas e sucessivas negativas, o homem perguntou:
– “Há algo em particular de que seu filho realmente goste?”

Marido e mulher conversaram por um minuto e responderam:
– “Bem, ele gosta de animais. Nós compramos para ele um Cocker Spaniel e ele realmente adora brincar com o cachorro”.
– “Ahá”
– disse o fornecedor. – “Acho que tenho a coisa certa!”

Tendo percebido desde o começo que estava lidando com novos ricos e que dinheiro não era problema, o agente usou a habilidade de quem conhecia o ofício e descreveu a proposta do que seria uma festa exclusiva e que ficaria na história:
“Na véspera do Bar-Mitzvá os hóspedes serão instalados em um andar inteiro no Plaza. De lá, vamos levá-los de limusine para a Sinagoga e depois voltaremos ao Plaza para um elegante jantar formal de sete pratos”.

Vendo o ar de satisfação do casal, o Consultor continuou:
– “Após o jantar, quando retornarem aos seus quartos, eles encontrarão uma garrafa de champanhe Dom Perignon e flores frescas em um vaso de cristal Steuben que será gravado com uma imagem de seu filho e a data do Bar-Mitzvá. Depois de uma noite repousante e um café da manhã 5 Estrelas como só o Plaza pode proporcionar, as limusines farão fila em frente ao hotel e, com escolta policial oficial, irão todos ao aeroporto JFK, onde dois Concordes fretados levarão nosso pequeno Marcos, a família e os convidados para Israel. Lá, na cidade velha de Jerusalém, O Rabino guiará o menino na primeira leitura da Torá”.

Nesse momento o casal estava em êxtase. O Vendedor sentiu que estava prestes a fechar o contrato e continuou:
– “Concluída a cerimônia, os convidados serão conduzidos de volta ao aeroporto Ben-Gurion, onde, após a decolagem dos Concordes e um brinde de champanhe, passarão pela experiência da quebra da barreira do som com os aviões voando em formação, para que possam fotografar. O pouso será em Nairóbi e de lá irão para a grande reserva do Serengeti, onde uma comitiva de elefantes os levarão em um safári, acompanhados por três aclamados fotógrafos da National Geographic que farão fotos de lembrança do Marcos com os convidados, mostrando o exótico e a vida selvagem”.

Ali mesmo Eliezer fechou o negócio, seguro de que seria uma celebração exclusiva e inesquecível para o jovem Marcos. 

Na noite anterior ao Bar-Mitzvá os convidados chegaram ao Plaza. As limusines recém-polidas estavam alinhadas para levá-los à Sinagoga. Na volta, o jantar foi mais espetacular do que Eliezer imaginou. Todos ficaram encantados com as acomodações, os brindes e o serviço de quarto. Na manhã seguinte, após o café da manhã principesco, o traslado ao aeroporto JFK foi liderada por uma escolta policial com pequenas bandeiras israelenses tremulando na traseira das motocicletas da polícia. A viagem à Israel nos Concordes foi perfeita. Marcos leu sua porção da Torá quase sem erro. Os convidados aproveitaram a recepção com champanhe na velocidade do som e ficaram maravilhados ao ver os elefantes enfileirados no Serengeti, enquanto os fotógrafos da National Geographic tiravam fotos deles com o menino.

Tudo transcorria perfeitamente até que a comitiva parou por completo no meio das pastagens. Os elefantes não se moviam. Dez minutos se passaram. Depois vinte. Depois, uma hora. O sol era escaldante e os hóspedes estavam cada vez mais inquietos. Finalmente Eliezer ficou preocupado o suficiente para pedir ao condutor do seu elefante fazer o animal se ajoelhar para que ele pudesse descer e descobrir o que estava acontecendo.

Eliezer foi seguindo a fila de elefantes, tranquilizando os convidados. Ao se aproximar da frente do safári, ele viu que elefantes carregando outras pessoas vinham na direção oposta.

– “O que está acontecendo?” – ele perguntou, sem esconder o desagrado.

E o chefe da comitiva respondeu:
– “Não se preocupe, senhor Leiberman, apenas peço um pouco de paciência. A próxima senha é a nossa. Há um outro Bar-Mitzvá à nossa frente”.

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Foto: Chris Onstein – Unsplash

 

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