Um Dia Para Comemorar, Outro Para Recordar

O dia 6 de fevereiro me traz ótimas lembranças. Nesse dia, há exatamente um ano, publiquei minha 1ª coluna no HojePR.

Já o 7 de fevereiro me traz lembranças amargas; nessa data, em 1965, meus pais e minhas 2 irmãs faleceram em pavoroso acidente na então BR-2, hoje BR-116, voltando de São Paulo.

Nesse dia, um domingo, a família de 7 pessoas foi reduzida a 3.

Isaac, meu pai, completaria 42 anos dia 19.
Minha mãe, Selda, faria 40 no dia 16, também naquele mesmo mês.
Gisele, uma das meninas, completaria 12 em março e Gilce, a caçula, faria 9 em maio.

Eu e meus outros dois irmãos os aguardávamos para o almoço: Gilberto o mais velho, logo faria 19; Gilson tinha 13 anos e eu estava com 1706. 

A dor intensa aos poucos deu lugar a uma espécie de resignação. Mesmo depois de 58 anos jamais deixo de divagar sobre como teriam sido as nossas vidas se o acaso não tivesse nos atingido daquela forma. 

Nossos pais, teriam sido longevos? E as meninas, teriam casado, teriam tido filhos? Hoje são 10 netos e 6 bisnetos. Quantos mais poderiam ser?

Sonhos, apenas. Desejos de que as coisas tivessem sido diferentes, uma saudade enorme daquilo que não foi vivido.

Eu sempre soube que uma pessoa não está morta enquanto for lembrada por alguém. Muitos familiares e amigos ainda os têm na memória e essa é razão pela qual jamais deixo de fazer essa lembrança.

E aos entes queridos que hoje habitam meus sonhos, deixo as palavras do imortal Fernando Pessoa que representam muito bem o que sinto no coração:

“Tenho, do passado, somente saudades de pessoas idas, a quem amei; mas não é saudade do tempo em que as amei, mas a saudade delas; queria-as vivas hoje, e com a idade que hoje tivessem, se até hoje tivessem vivido.” .

(Fernando Pessoa, Carta a João Gaspar Simões – 11 Dez. 1931)


Última foto da família, Dezembro de 1964

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2 thoughts on “Um Dia Para Comemorar, Outro Para Recordar

  • Reinaldo Ac

    Belo e emocionante texto. Revela, uma vez mais, a sensibilidade e a grandeza do coração e da generosidade do Gerson Guelmann.

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    • Gerson Guelmann

      Muito, muito obrigado pelas palavras, que aqueceram meu coração!

      Responder

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