Uriel Friedman, passeando em Paris, encontrou um amigo, conhecido na época de colégio por se vangloriar da esperteza e que na conversa contou um segredo:
– “Descobri um truque para comer grátis em ótimos restaurantes”.
Uriel ficou animado e quis saber:
– “Ótimo! Como é?”
E o outro explicou:
– “Escolho o restaurante, vejo o horário de atendimento e chego bem tarde. Pego o cardápio, escolho sem pressa e peço uma entrada, o prato principal, um bom vinho, queijos e sobremesa. Fico um tempão tomando um café, um conhaque e fumando um bom charuto, e espero que fechem. Aí eles começam a colocar as cadeiras em cima das mesas para varrer o salão, mas não me mexo. Chega um momento em que o último garçom pergunta se posso pagar, porque já está na hora de saírem. Então eu digo que já paguei ao colega dele que foi embora antes. É assim, simples”.
Uriel perguntou se podiam jantar juntos e o amigo, prestimoso, respondeu rindo:
– “Mas é claro, você é meu convidado!”
Naquela mesma noite os dois foram a um restaurante luxuoso e seguiram o roteiro descrito: começaram pela leitura demorada do cardápio e a escolha da entrada, prato principal, vinho, queijos, sobremesa, café, charuto e a indispensável displicência em relação à pressa dos funcionários, ansiosos em encerrar os trabalhos.
Quando finalmente chegou a hora de fechar, o último garçom se aproximou e perguntou se podia trazer a conta.
Nesse momento o amigo disse:
– “Desculpe, já pagamos a um colega seu que já foi embora”.
E Uriel acrescentou:
– “Estamos só esperando nosso troco”.
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