A história é verídica e me permito não citar nomes porque um dos personagens ainda está entre nós – e espero que tenha longa vida.
Cidade do interior, marido e mulher recém casados foram morar na casa dos sogros dele.
Poucos dias após o casamento, ele resolveu ir ao clube local. Era a noite do carteado semanal e pensou em dar uma espiada e conversar com os amigos.
A ideia era ficar umas poucas horas, como convinha a um jovem que há pouco havia passado para o chamado “rol dos homens sérios”, sem falar no agravante de estar morando com os sogros.
Logo após a chegada um dos amigos decidiu ir embora e pediu que ele assumisse seu lugar. De início o rapaz recusou, mas os demais, sem compromisso de horário, insistiram para que ficasse.
Aí os deuses da jogatina conspiraram contra ele. Com a presença do parceiro garantida as duplas não se desfizeram.
A cerveja gelada, o jogo bom e a conversa animada fizeram com que o tempo voasse. A madrugada ia alta quando ele se deu conta do tamanho da encrenca.
Detalhe importante: era uma época de seca como a que estamos vivendo agora. A região, de economia agrícola, sofria com a falta de chuva.
Cidade pequena, distância de duas ou três quadras, nem deu tempo de pensar no que dizer e já estava na casa dos sogros, maldizendo o momento em que decidiu aceitar o convite dos amigos.
Parado na frente e sem outra opção, bateu à porta e ouviu, com o coração disparado, o barulho dos chinelos da sogra. Ao fazer com entrasse, ela não falou nada – apenas lançou um olhar que dizia “esse casamento não vai dar certo.”
Fazer o que? Entrando tão rápido quanto a ocasião pedia, ele disse:
– “E nada de chuva, Dª Josefa!”