“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…”
(Olavo Bilac 1865-1918).
O verso acima é do soneto “Língua Portuguesa” escrito por Olavo Bilac (1865-1918), um dos principais poetas do Parnasianismo brasileiro. Nele o autor exalta a beleza e a riqueza da língua portuguesa, comparando-a a uma flor rara e preciosa. Bilac exalta as qualidades do idioma, como a sonoridade, a expressividade e a capacidade de transmitir emoções, e ao mesmo tempo reconhece a importância da língua para a cultura e a identidade do povo brasileiro.
Sob o título “Português Não é Para Amadores” é possível encontrar na internet publicações que mostram jocosamente as curiosidades do nosso idioma. Isso me levou a pensar sobre a dificuldade que os estrangeiros encontram ao mudar para o Brasil. Claro que se a língua materna for “românica” como o português, caso do espanhol, italiano, francês ou romeno, o aprendizado poderá ser relativamente mais fácil. Há quem diga que para os falantes de inglês o português é moderadamente difícil, enquanto que para os demais cujo idioma de berço é uma das línguas “germânicas” o aprendizado será um pouco mais desafiador, mas ainda acessível. Já para o de línguas eslavas, como russo, polonês, etc., isso será bem mais complicado, e ainda muito mais difícil para os falantes de línguas asiáticas como chinês, japonês, coreano e para os de árabe ou línguas semíticas.
Então, para provar que “última flor do Lácio, inculta e bela” realmente não é para os fracos, coletei alguns exemplos:
Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar
Embaixo é junto e em cima separado.
Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta.
Irão te tachar de ladrão se você taxar muito alto a taxa da tacha.
O cervo que asso na panela de aço será servido pelo servo.
Para evitar acidentes com os filhos, no meu país vão cassar o direito de caçar dos pais.
Ao ser empossado viu que a esposa havia empoçado o palanque com suas lágrimas.
Calça você bota, bota você calça.
Oxítona é proparoxítona.
Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê.
Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô.
Eu não me medico, eu vou ao médico.
Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária.
Será que a romã é de Roma?
Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô?
Você sabia que a sábia viu o sabiá?
O que há em comum entre o camelo e o camelô?
O que será que a fábrica fabrica?
Será melhor lidar com as adversidades da conjunção ”mas” ou com as más pessoas?
Será que tudo que eu valido se torna válido?
E entre o amem e o amém, que tal os dois?
É a primeira vez que tu não o vês.
Assento é embaixo, acento é em cima.
O cágado ia com o seu vagar, enquanto você, que ia devagar, correu para o banheiro para não ficar todo cagado.
Eu não me medico. Em vez disso vou ao médico.
Quem baba não é a babá, mas sim o bebé.
Vou à secretaria para falar com a secretária.
Os seus pais vieram do mesmo país?
Tudo o que ele musica transforma-se em música!
A cerração da manhã impediu a serração de madeira.
Para começar o concerto, tiveram que fazer um conserto no piano.
Uma mulher vivida é sempre mais vívida; profetiza a profetisa.
O carteiro, que as cartas sela, fugiu da cela num cavalo sem sela.
Com sede, foi beber na sede da fazenda e viu a idosa que andava devagar enquanto divagava e procurava a fazenda que queria costurar.
Ela começou a falar ao cavaleiro viajante sobre um cavalheiro andante: dizia ela que se ele fosse rumo à capital, sem capital, dificilmente lá chegaria.
Ela ofereceu-lhe uma torta, e ele, de cara torta, não aceitou.
Na fábrica, há quem fabrica bolos com um gosto que eu gosto.
Eu canto em qualquer canto, até no auge do Verão… Vocês verão!
Quando saio cedo, cedo o meu lugar sentado aos mais velhos.
Os alpinistas vão escalar o morro. Eu não vou porque morro de medo!
Na ópera, fiquei na área da frente para ouvir a ária.
Hoje ele pode sair mais cedo, mas ontem não pôde.
Uma forma de fazer um bolo é colocá-lo numa forma.
Com pena, espiava pela janela o preso que expiava a pena.
Enquanto absorvia a água com a toalha, o padre absolvia os pecados dos fiéis.
Ele comprou a vista à vista, agora não avista quase nada.
Na loja ele vendia fazendas para as fazendas.
No seu modelo de agência ele agencia novas modelos.
A minha casa fica a cerca de 20 km do centro, ao lado de outra com a cerca branca.
Vou coser as meias e se houver tempo cozer o jantar.
Eu ratifico o que disse e retifico os meus erros.
Por ora eu quero saber a que hora você chegará, ora bolas!
É preferível vivermos confinados, do que com finados.
Então, conhece outros exemplos? Comente!