Obrigado, Dona Irma!

Recebi há poucos minutos um texto magnífico que quero compartilhar com meus leitores.

Como faço sempre, pesquisei para comprovar a autoria e dar o devido crédito. Só encontrei referências cruzadas, sem chegar à pessoa nominada, mas parece mesmo ser esse o autor: Carlos André Montenegro

Leia e confirme:

“Obrigado, Irma!
Faz dois anos que decidi me mudar do Rio de Janeiro para Miami com minha mulher e meus dois filhos, em busca de algo melhor para nossas vidas.
Por ironia, depois de dois anos vivendo na America, recebi o meu Green Card exatamente no dia em que também recebi a notícia de que o furacão Irma, o pai de todos os furacões, também está a caminho.
O governador da Florida, Rick Scott, assim que soube da gravidade do problema, foi para a TV e ordenou que todos no sul da Florida evacuassem suas casas imediatamente, pois as consequências podem ser catastróficas.
Da noite para o dia, como em um piscar de olhos, milhões, literalmente milhões de pessoas, abandonaram suas casas e já estavam nas estradas, subindo ao Norte.
Eu era mais um na multidão, no meio de um enorme congestionamento, e isso me fez lembrar das minhas voltas dos feriados de Búzios, na Região dos Lagos. A única diferença é que, pasmem, aqui na Florida, mesmo em uma situação absolutamente adversa, as pessoas não trafegam pelo acostamento para tirar vantagem e chegar mais rápido ao destino. Todos respeitam as leis de trânsito, mesmo em situações caóticas, emergenciais. Motociclistas loucos também não existem por aqui. É proibido trafegar entre as faixas. Acho que eles nem sabem o que significa isso, podem acreditar.
Quando encontrei um lugar seguro, a primeira coisa que eu fiz foi ligar a TV. Lá estava o Governador novamente falando ao vivo, e eu comecei a ter uma aula de patriotismo, solidariedade, respeito pelo próximo e, acima de tudo, respeito pela vida. A mensagem que mais me tocou foi: “se você não tem como sair de casa, seja por qual motivo for, ligue para o número que você vê no rodapé da imagem, que iremos agora na sua casa te salvar. Ainda temos tempo!”. Isso me arrepiou! Pensei: esse cara é o meu herói!
Lembrei automaticamente das enchentes de Teresópolis, tenho uma conexão com a cidade pois, desde que me entendo por gente, tenho casa lá. Anos após aquela triste tragédia de 2011, descobriu-se que a quadrilha de Cabral desviou parte do dinheiro que deveria ser utilizado nos resgates das vítimas e reconstrução da cidade. Até o prefeito foi preso. Confesso que tive vontade de vomitar ao comparar!
Voltando ao furação, as companhias aéreas americanas, das quais todos sempre reclamam, colocaram vôos extras, durante toda a madrugada, com preço fixo de $98 dólares, para ajudar a escoar o pessoal pelos céus. A Expedia, site de reservas de hotéis, ofereceu tarifas com descontos especiais em lugares seguros. O mesmo fez o Airbnb, site de reservas de casas e apartamentos. Os hotéis, por sua vez, passaram a aceitar mais hóspedes por quarto e também animais de estimação.
As operadoras de telefonia, que normalmente restringem suas redes de wi-fi aos seus clientes, liberaram internet grátis para todos. Onde existir cobertura, existirá wi-fi grátis. Comunicação, ou a falta de, pode salvar uma vida ou causar uma morte nesse tipo de situação. Até o hotel em que estou, acaba de informar que todo o conteúdo de filmes e desenhos, que normalmente é cobrado, será grátis nas próximas 72 horas.
O Google se uniu ao governo, em um esforço sem precedentes, para conseguir localizar e colocar em tempo real nos seus mapas (Google Maps e Waze) as ruas fechadas, bloqueadas e danificadas, após a passagem do Irma.
São muitos os exemplos, que realmente emocionam. Na maioria das vezes coisas simples, mas que trazem o mínimo de conforto nesse momento e esperança de um futuro melhor. Como diz o famoso ditado: depois da tempestade, sempre vem a calmaria.

Carlos Andre Montenegro
08/09/2017″

8 thoughts on “Obrigado, Dona Irma!

  • Sara Grupenmacher1

    BEM ORGANIZADO COMO AQUI.

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  • Diva Costa de Menezes

    Parabens pelas palavras e pensamentos. Quanto falta a nos brasileiros

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  • Ruth

    Não podemos fazer comparações ,nós brasileiros estamos também como vc se referiu “situação caótica” não posso imaginar o que seria aqui no Brasil,mas tenho certeza que seria Trágico, sem aviões sem “trem ” não conheço enfim Uma grande tragédia empurrões ,pois temos muitos daqueles que são sempre os Primeirosem tudo ,” Aquela frase muito usada aqui SAbE QUEM EU SOU”pois sinto muito o que aconteceu com vcs e todos desta cidade.e,dou Graças a D’us que nós do Paraná nunca vamos ter este problema.Poderão vir outros .que já estamos enfrentando mas muita gente ainda não sofreu nada. Sei que o Brasil já sofreu e sofre ainda com enchentes como a de Teresópolisdas , da Usina então, que até agora não foi solucionada e outras coisas horríveis que estamos tendo e ainda que não venha pior,.Realmente não existe comparação. Feliz que vcs estão bem .

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  • Ruth

    Você pode comparar aqui não sofremos com furacões mas, com governos bandidos corruptos pessoas que não mereciam estar aonde estão. Nosso caso pode ser para certas famílias também CAÓTICO . Existe comparação????????!

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  • Laércio

    Infelizmente não é em todas as situações. Com os pobres, em Nova Orleans, com o Katrina, o governo local e federal não foi tão eficiente. Um país não é bom ou ruim, as pessoas são.

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  • Arlete

    Vivemos furacões diariamente, quando ligamos a televisão, e vimos: pessoas morrendo em fila de hospitais,pessoas matando,roubando,políticos corruptos,impunidade.Não culpemos o Brasil, e sim as pessoas que nele vivem.

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    • joana braga

      mesmo tendo assistencia…não são tdo flores…

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  • Julia Flores

    Parte 2:

    Obrigado, Irmão!

    Durante toda a minha vida ouvi dizer que o Brasil seria o país do futuro. Eu sempre acreditei nisso. Acreditei tanto, que um dia resolvi empreender no meu país, aos dezenove anos de idade. Meus pais foram contra a minha ideia maluca de querer abrir uma empresa tão jovem. Disseram que eu não tinha noção do que estava fazendo, e muito menos dinheiro.

    Resolvi seguir meu sonho e arriscar. Inexperiente, descobri que ser empresário no Brasil não é para os fracos. Dei minha cara a tapa, literalmente! Aprendi apanhando, vivendo em um ambiente hostil, com altas cargas tributárias, excesso de legislação e burocracia. Logo percebi que o caminho para dar certo seria longo e as exaustivas e infindáveis horas de trabalho acabaram me custando uma paralisia facial.

    Como quem luta para para sair do caminho de um furacão, passei a lutar para não perder a visão. Todo o lado esquerdo do meu rosto travou, como um PC às vezes trava. A diferença é que não dava para apertar Ctrl + Alt + Del.

    Eu realmente começava a perder a batalha e pensei por um instante: meus pais estavam certos! No entanto, jogar a toalha não era uma opção. Eu precisava voltar a ter os movimentos do meu rosto, eu não queria ficar cego. E a empresa? Àquela altura, centenas de famílias dependiam do salário que pingava na conta todo mês.

    Os anos se passaram, o rosto voltou ao normal depois de sessões de fisioterapia, e a empresa se tornou uma das referências no setor, até ser vendida para um grupo estrangeiro em 2010. Nesse dia eu chorei.

    Paguei milhões de reais em impostos e lembro como se fosse hoje da assinatura desse cheque. Pode parecer mentira mas o fiz com muito orgulho, com muito amor, como a música que embala a nossa seleção.

    A fotografia era perfeita no meu imaginário. Vida financeira estabilizada, Copa do Mundo e Olimpíadas a caminho… era tanta euforia que o Cristo chegou a decolar na capa da famosa The Economist. Ingênuo, até no pré-sal eu acreditei! Pensei: agora somos o país do presente! Minha cidade será a Barcelona pós 1992! Somos o B dos Brics! O plano era perfeito, ia chover dinheiro de todos os lados, e com dinheiro tudo fica mais fácil. Escolas, hospitais, segurança, mobilidade urbana…

    Infelizmente faltava apenas uma peça na engrenagem. E eu não contei com ela no meu cenário de Alice no País das Maravilhas. Faltava combinar com o sistema. Nosso famoso sistema podre, dos mensalinhos, mensalões, das cuecas, malas e bunkers. O sistema do toma lá dá cá, da corrupção e da garantia de impunidade. Acabou que foi grana demais, pra cueca de menos.

    Somos ricos e bonitos por natureza, mas falta tudo pro nosso país e pro nosso povo. Falta educação, falta saúde, falta dar exemplo.

    O exemplo de cidadania do americano que eu relatei para a minha família e para os meus amigos no texto “Obrigado, Irma”, acabou viralizando sem querer. No final, eu acho que isso aconteceu porque nós brasileiros estamos carentes de bons exemplos. Por isso, resolvi escrever novamente somente para ser justo e agradecer a um brasileiro especial.

    Obrigado, Moro!

    Como dizem os cariocas: “Obrigado, Irmão!”

    Carlos Andre Montenegro
    11/09/2017

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